Países dos leitores

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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

-" Catarina de Bragança: a princesa que "refinou" a Inglaterra"


Quando alguns Nobres portugueses chegaram à conclusão de que o negócio da venda da coroa de Portugal aos Filipes, tinha deixado de ser rendoso e tinha atingido a falência, resolveram mudar de rei.
Infelizmente, esqueceram-se de tomar providências quanto a uma prevísivel reação do rei deposto que, por um conjunto de circuntâncias, era, também, rei de Castela e de mais uns quantos territórios.
A guerra foi uma consequência lógica e o novo rei de Portugal, que precisava de aliados, encontrou a solução no casamento de uma das suas filhas com o rei Carlos II de Inglaterra.
A negociação do casamento foi difícil !
Carlos II tinha motivos para desejar mas, também, para temer tal casamento: desejava-o, porque a princesa era bonita e o dote poderia encher os seus falidos cofres; mas, também, receava que isso pudesse reacender a guerra com Espanha.
Resistiu até o dote da princesa ser irrecusável: foi o maior dote de que há memória no Ocidente! Portugal ficou falido, o rei português ganhou um aliado para a guerra com Espanha,  e a Inglaterra ganhou um capital que se transformou no mais rentável investimento da sua história: o império britânico!
Hoje, diríamos que Carlos II deu o “golpe do baú” !

A cerimónia do casmento realizou-se em Maio de 1662.
Asim, começou a parte infeliz da vida de Catarina de Bragança, uma princesa nascida e criada no seio de uma família com cultura, educação e hábitos tradidicionais portugueses que, por sua infelicidade, foi desterrada para uma corte que, contráriamente ao que alguns escritores e cineastas de pacotilha nos querem fazer crer, era rude e atrazada em relação à restante Europa.

Catarina, teve um papel importantíssimo na modernização da Inglaterra e na alteração da filosofia de vida dos ingleses pelo que,  embora não suficientemente, ainda hoje é admirada e homenageada.
Provocou uma autêntica revolução na corte de Inglaterra, apesar de ter sido sempre hostilizada por ser diferente mas nunca desistiu da sua maneira de ser, nem consentiu que as damas portuguesas do seu séquito o fizessem.
Tinha uma personalidade tão forte que conseguiu que aqueles (principalmente aquelas) que a criticavam, em breve, passassem a imitá-la.
E assim, se derem grandes alterações na corte inglesa:

O conhecimento da laranja
Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos cestos delas que a mãe lhe enviava.
O costume do “CHÁ DAS 5”
Costume que levou de casa e que continuou a seguir organizando reunões com amigas e inimigas. Este hábito generalizou-se de tal maneira que, ainda hoje, há quem pense que o costume de tomar chá a meio da tarde é de origem britãnica.
A compota de laranja
Que os ingleses chamam de “marmelade”, usando, erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495.
Catarina guardava a compota de laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, principalmente, para as amantes do rei.
Ifluenciou o modo de vestir
Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do tornozelo e Catarina endandalizou a corte inglesa por mostrar os pés, o que era considerado de mau-gosto e que não admira devido aos pés enormes das inglesas. Como ela tinha pés pequeninos, isso arranjou-lhe mais inimigas.
Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.
O uso do garfo para comer
Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.
Introdução da porcelana
Estranhou comerem em pratos de ouro ou de prata e perguntou porque não comiam em pratos de porcelana como se fazia, já há muitos anos, em Portugal. A partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.
Música
Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera  em Inglaterra.
Mobiliário
Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra.
O nascimento do “Império Britânico”
Como já se disse, o dote de Catarina foi grandioso pela quantia em dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir  a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia.
Traíndo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiaram, apesar do controle da Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Guzarate.
Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios.
Nasceu, assim, o Império Britãnico !   

Hoje, há pouca gente que saiba a importância que a raínha Catarina teve para os ingleses e o carinho que eles tiveram por ela. A sua popularidade estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi batizado em sua homenagem.
Em 1998, a associação “Friends of Queen Catherina” fez uma coleta de fundos para lhe erguer uma estátua; não o conseguiu, devido à oposição de alguns movimentos cívicos que acusaram Catarina de ser uma das promotoras da escravidão.
Mais uma vez, a ignorância venceu ! ...

Autoria de Arnaldo Norton


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

-" A cidadania dos Goeses "

Os Goeses são indianos ou portugueses?
Num interessante atigo publicado no jornal diário Goês Herald, o advogado goês Radharao F. Gracias discute em que circunstâncias os goeses podem ser considerados cidadãos indianos ou portugueses.
Goa é um caso único, afirma Gracias, onde os que nasceram antes de 19 Dezembro de 1961 e seus descendentes são eligíveis para a cidadania portuguesa. Em vista das circunstâncias especiais como Goa tornou-se parte de Índia, a lei indiana Citizenship Order 1962 deve ser emendada para permitir aos goeses beneficiarem da Lei da Nacionalidade Portuguesa simultaneamente com os benefícios do artigo 5 da Constituição da Índia, conclui Gracias.

Published in the Goan daily Herald,  20.1.2013

sábado, 17 de agosto de 2013

-"Presidente ou Presidenta ?... (2)




Agora a opinião da professora portuguesa. É, mais ou menos, igual à do seu colega brasileiro, mas acrescenta uma conclusão: « a "feminização do termo" era de cunho popular e, muitas vezes, usada de forma irónica ou pejorativa». Não me parece que seja isso que D. Dilma quer ! ...




Lúcia Vaz Pedro
do Jornal de Notícias (Porto, Portugal)
19 de maio de 2013
A utilização da palavra “presidenta” não é uma novidade trazida pela senhora Dilma Rousseff.
Na verdade, alguns dicionários editados em 1944 (o de Augusto Moreno) e em 1953 (o de Cândido de Figueiredo) registam essa palavra, embora fosse de cunho popular e, muitas vezes, usada de forma irónica ou pejorativa. Tal como “presidenta”, também surgem os femininos “giganta” (de gigante), “hóspeda” (de hóspede). Há, pois, uma tendência generalizada para “feminizar” os nomes/substantivos provenientes do particípio presente latino que não variava em género: amans, amantis (amante, que ama); legens, legentis (lente, que lê);audiens, audientis (ouvinte, que ouve). Assim, assistimos, nos dias de hoje, a um uso formal de “presidenta”, embora a sua prática não seja consensual, podendo também dizer-se “o presidente”/”a presidente”.

Por outro lado, verifica-se a existência de alguns casos excecionais – infante/infanta, elefante/elefanta, governante/governanta, mestre/mestra, monge/monja, parente/parenta. Existem outros finalizados em -nte, normalmente originários de particípios presentes e de adjetivos uniformes latinos, que mantêm a mesma forma para o masculino e o feminino, como, por exemplo, “o doente”/ “a doente”, “o tenente”/ “a tenente”, “o docente”/ “a docente”.  :::


sábado, 10 de agosto de 2013

-" Presidente ou Presidenta ?...(1)"


Para sanar a dúvida,  publica-se a resposta de dois conceituados professores de Língua Portuguesa: Lúcia Vaz Pedro, de Portugal, e Diogo Arrais, do Brasil.


Hoje a do brasileiro:
Diogo Arrais
na revista Exame (Brasil)
26 de julho de 2013
Com a vinda do papa Francisco ao Brasil, uma polêmica voltou à tona: qual é a forma correta: “presidente” ou “presidenta”? Existem as duas formas. Sim! As duas formas são registradas pela Academia Brasileira de Letras (noVocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), pelo respeitadíssimo Dicionário Houaiss, pelo Aurélio e tantos outros.
Em um concurso público, por exemplo, o candidato pode fazer uso da forma “presidenta” e não perderá nota referente à Língua padrão. Por quê? Justamente porque a grafia é secular, tem o aval da Academia, dos dicionários e do uso popular.
Apesar disso, muitos preferem o uso de “a presidente”, pelo facto de nomes de dois gêneros terminados em-ente não apresentarem flexão de gênero, finalizando-os em -a. Alguns exemplos: crente, gerente, docente, discente, servente. Para os que assim creem, o artigo definido é o bastante para a variação em gênero.
É também interessante notar a existência de “presidenta”, desde 1899, pelo Dicionário de Cândido de Figueiredo:
Presidenta, f. (neol.) mulher que preside; mulher de um presidente. (Fem. de presidente.)”
Língua é uso, povo, e reflete uma série de aspectos sociais. Há, no Brasil, por questões democráticas, uma tendência ao uso do feminino de diversos termos: a “chefa”, a “gerenta”, a “presidenta”.
A chegada de uma mulher ao poder é símbolo da Democracia; talvez, por isso, o Planalto faça uso de “presidenta”, nos atos e comunicações oficiais. O uso (ratifico!) não corresponde a uma invenção de Dilma Rousseff.
Por questões eufônicas, prefiro a forma “a presidente”, assim como alguns jornalistas, escritores e autoridades. É somente uma questão sonora e pessoal.