Países dos leitores

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

-" 500 anos depois a China retribui a visita "

Não quero deixar 2011 acabar sem registar o acontecimento mais importante do ano para Portugal, para a Europa e para a China e que terá, certamente, repercussão em todo o Mundo.
Hoje, a China fechou o Circulo da Globalização iniciado em 1498 com a chegada de Vasco da Gama à Índia e com a chegada à China de Tomé Pires em 1517.
Hoje, ao adquirir 21% do capital da empresa portuguesa EDP, uma das maiores no setor da energia a nível mundial, a China chegou à Europa e escolheu Portugal como porta de entrada, retribuindo a visita que lhe foi feita 500 anos atrás.  
Os chineses foram sempre conhecidos pelas suas sábias decisões e a conservação de Macau como uma plataforma estratégica de cooperação com Portugal está a começar a dar os seus frutos. Os chineses sabem que podem beneficiar muito da posição da Lusofonia e não deixarão de a aproveitar. Oxalá os portugueses saibam aproveitar a colaboração da maior potência económica e financeira mundial.
Face à avidez dos financeiros alemães e à falta de solidariedade dos restantes europeus, Portugal, ao abrir as portas à China, deu um sério aviso à Europa de que é europeu mas não só ! …   

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

-" O Ouro de Viana do Castelo "


Viana do Castelo é uma cidade com cerca de 38 mil habitantes situada na Província do Minho, no litoral do Norte de Portugal.
Existem vestígios arqueológicos do Mesolítico e recebeu Foral em 1258. Foi, desde cedo, próspero entreposto comercial com preponderância na exportação de vinhos, frutas e sal.
Está integrada numa região de fortes e inigualáveis raízes culturais.   


Na ligação abaixo encontram um vídeo que é um belo documentário sobre o uso do ouro nesta região e sobre o processo de fabrico de peças extraordináriamente delicadas.
  

http://lugardoreal.com/video/ouro-tradicional-de-viana-do-castelo/

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

-" Dê voz pela DPOC "

Quando menos se esperava, 4 cantores líricos juntaram-se na Gare do Oriente (em Lisboa) e alto e bom som deram voz à DPOC ( Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica). Uma acção que surpreendeu e marcou o dia mundial da DPOC, a 16 de Novembro. O momento, que durou alguns minutos, foi da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Fundação Portuguesa do Pulmão.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

- " Ficha Limpa na Lusofonia "

A Ética na Política e na Administração -  Uma Proposta Urgente -
                                                                                                                                                José Jorge Peralta


1. Não há novidade, para ninguém, dizer que a corrupção anda à solta, em muitos países do Ocidente. De uns poucos anos para cá, a corrupção vai virando moda. O patrimônio público vai sendo dilapidado. O nosso maior patrimônio é a ética, a moral e a dignidade que vão sendo espezinhados, por alguns néscios e entreguistas.
Os impostos que a população paga, nunca dão para cobrir os rombos do assalto aos cofres públicos. Os países estão afogados em dívidas; sem saída. Infelizmente, no Brasil, em Portugal e em alguns outros países Lusófonos, a situação vai sendo calamitosa e vergonhosa. Não foge à “moda”.A malbaratação do erário público deixou muitos países na mão do sistema bancário, dependente dos credores. Jogaram fora a soberania nacional e o bem-estar da nação. Deixaram o país de chapéu na mão, humilhado.
Recentemente, uma digna Juíza do Supremo Tribunal Federal, de Brasília, Eliana Calmon, declarou que há “bandidos escondidos atrás da toga”. Isto é: há juízes que são bandidos, acobertados pela toga, negociando sentenças....

Na política de Portugal também parece que não é diferente. Lógico que há exceções...  Ou os bandidos são exceção. Mas eles estão aí, atuantes. A sociedade está perplexa e atônita... em alguns setores.
Este é um caso em que a minoria esperta vence a maioria omissa e acomodada.Não podemos continuar a filosofia dos quatro macaquinhos: não vejo, não ouço, não falo e não faço: a Teoria da Omissão.
Está na hora das nações fazerem a lição de casa e aprenderem a se precaver para que a bandalheira não se repita, e a nação não mais passe por semelhante vexame. Precisa ser garantida a ética na política. A ética já é um bem básico que está em falta. Por outro lado, a demanda da ética é cada vez mais acentuada... 
Fonte
: http://politicologia.blogs.sapo.pt/1443.html

domingo, 20 de novembro de 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

- " 20 anos após o massacre"

Esquecer é desprezar as vítimas e aceitar os assassinos !  Enquanto a Indonésia não assumir todas as culpas e colaborar na denúncia dos acontecimentos, não merece ter lugar entre as nações civilizadas.

-" 20 anos do massacre de Santa Cruz, em Timor "


 Faz hoje 20 anos que ocorreu o massacre no cemitério de Santa Cruz, em Díli, capital de Timor-Leste. No dia 12 de Novembro de 1991, o exército indonésio envergonhava a humanidade assassinando dezenas de pessoas inocentes.  
Recordar, transc
revendo
o relato dessa atrocidade cometida pelo exército da Indonésia contra um do redutos da Lusofonia no Extremo-Oriente, é o mínimo que nós, lusófonos, podemos fazer.


“ À chegada às portas do cemitério...alguns dos manifestantes subiram para cima do muro, exibiram os cartazes aos jornalistas e depois ficaram ali todos , quase sem saber o que fazer.

...Um camião do exército apareceu ao fundo da rua...Do interior começaram a saltar soldados vestidos de verde e com tiras vermelhas no capacete.

... Do lado direito apareceram mais soldados, estes com uniformes castanho--escuros e com as M16 em posição de fogo.

... Começaram as rajadas cerradas. Os timorenses das primeiras filas tombaram logo ali, os outros voltaram as costas num pânico de fuga e começaram igualmente a cair.

...Os corpos rolavam na rua... As armas calaram-se ao fim de um bom bocado...

No ar ergeu-se o coro da multidão refugiada no cemitério, a rezar Avé Maria em português."

In: “A Ilha das Trevas” de José Rodrigues dos Santos

Ainda hoje, os timorenses continuam a aguardar que o Governo indonésio lhes indique os locais onde o exército indonésio sepultou os seus mortos. Os portugueses, bem como os timorenses, nunca se calarão, ato que deveria ser seguido por todos os países da CPLP .

sábado, 5 de novembro de 2011

-" O Bairro Português de Malaca (Malásia) "

Malaca foi a porta da Europa para o Oriente e um centro mercantil onde os portugueses criaram um importante entreposto comercial nos séculos XVI e XVII. Pelo estreito de Malaca cruzavam-se todas as rotas entre a Índia e o Sudeste Asiático.
Malaca ocupou um lugar de relevo na história ultramarina portuguesa a par de Goa e Ormuz desde a sua conquista em 1511 por Afonso Albuquerque. Foi um importante elo do Império em Rede português (um chokepoint, em linguagem moderna) de onde partiram várias expedições, entre elas a que chegou à ilha de Samatra, no arquipélago das Molucas, hoje Indonésia.Além da feitoria, os portugueses construiram uma fortaleza tão imponente que ficou conhecida como “A Famosa”, da qual ainda resta a porta (fotografia abaixo; fazer clique na foto para ampliar).


Malaca era uma cidade cobiçada e os holandeses (com o apoio dos, ao tempo, seus aliados ingleses)  aproveitando o estado de guerra em que se encontravam com o rei de Espanha que, por azar, também era o rei de Portugal, conquistaram-na em 1641.

Os portugueses perderam Malaca mas deixaram lá uma herança tão forte que, apesar da presença holandesa e mais tarde inglesa, perdura até hoje.
No Bairro Português de Malaca os “Portugueses de Malaca” falam o Papiá Kristang, o dialecto nativo onde abundam palavras do “português antigo”. A comunidade teima em resistir ao esquecimento, debatendo-se pela conservação dos costumes, das tradições e das festas religiosas como San Juang e San Pedro. Porém, a preservação destas memórias está em vias de desaparecer. O pouco “do falar português” tem os dias contados. A geração mais nova limita-se a aceitar os apelidos de origem portuguesa mas não fala o português nem o Papiá Kristang. É com pesar que os mais velhos testemunham o diluir das histórias que os seus antepassados deixaram, assim como, o diluir de um idioma incapaz de resistir à supremacia da língua Inglesa.
Apesar de tudo, tem sido extraordinária a forma carinhosa como o Governo da Malásia tem tratado esta comunidade e a memória da presença dos portugueses, do qual pequenas provas são as fotos que se juntam. 

( Réplica de Nau portuguesa onde se encontra instalado um museu recordando a presença dos portugueses )

terça-feira, 1 de novembro de 2011

-" Aniversário da descoberta da Baía de Todos-os-Santos "

Há 510 anos atrás, no dia 1 de Novembro, os portugueses descobriram a Baía de Todos-os-Santos, no litoral brasileiro.

sábado, 29 de outubro de 2011

-" O Brasil acordou ..."

O Brasil é um dos cinco países emergentes aos quais se aplica a sigla "BRIC", que deriva das iniciais dos nomes dos países: Brasil,Rússia, Índia e China. Espera-se que eles, em breve,sejam motores da economia mundial.
É uma designação honrosa mas que não pode esconder o muito que ainda falta fazer nesses países para que as populações possam viver numa situação que dignifique o ser humano.
Como está, nesses países, a assistência médica ?... e a medicamentosa ?... toda a gente beneficia de água canalizada ? ... o saneamento básico existe ?...as condições de trabalho são humanas?
Ser BRIC só pode ser motivo de orgulho se a par da melhoria das condições económicas se melhorarem, também, as condições de vida.
Espero que o vídeo que se segue desperte as consciências para isso. Apesar de ser patrocinado por uma bebida a ideia não é uma alucinação.
  

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

-"O astronauta da Catedral de Salamanca"

Circula pela Internet uma mensagem com a figura de um astronauta no pórtico da catedral de Salamanca, transformando-a numa figura misteriosa. Ela, afinal, nada tem de misterioso e a sua presença tem uma explicação muito simples.
Durante o restauro da Porta de Ramos da Catedral Nova de Salamanca realizado em 1992, foram integrados motivos contemporâneos e modernos, entre os quais uma figura esculpida de um astronauta. A inserção deste motivo deve-se à tradição dos antigos restauradores e construtores de catedrais que consistia em utilizar um motivo contemporâneo, dissimulado entre os motivos mais antigos, com o intuito de assinar as suas obras. O responsável pelo restauro, Jerónimo Garcia, escolheu um astronauta como símbolo do século XX.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

-" Um exemplo a seguir "

Cabo Verde perto de atingir um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio

O arquipélago baixou o índice da pobreza para metade em 10 anos



Dados revelados no Dia Mundial de Erradicação da Pobreza pelo Coordenador do Programa Nacional de Luta contra a Pobreza, mostram que Cabo verde está a apenas 2% de atingir as metas traçadas pela ONU.

Para a redução da pobreza contribuíram, nos últimos dez anos, a construção e reabilitação de cerca de mil casas, o acesso a água potável e a saneamento básico dado a cerca de 80 mil pessoas, mais de 10 mil pessoas alfabetizadas e perto de 30 mil euros investidos na melhoria de vida das populações mais pobres.


O vídeo que se segue é uma homenagem ao meu amigo Lima, um extraordinário enfermeiro cabo-verdiano, infelizmente já desaparecido, que conheci em Angola, como testemunho da minha admiração.
Admiração extensiva a todo o povo de Cabo Verde.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

-" A infantilidade de Àngela Merkel "


No dia 25 do mês passado, à noite, a Senhora Merkel deu uma entrevista à estação de televisão pública alemã, na qual defendeu a perda de soberania e o julgamento no Tribunal Europeu de Justiça  dos países que não cumpram os critérios de estabilidade.
Logo, no dia seguinte, a eurodeputada portuguesa Edite Estrela comentou da seguinte forma as afirmações de Ângela Merkel:

«Acho que há aqui uma falta de visão estratégica e até alguma infantilidade na análise dos problemas com que estamos confrontados».

«Acho lamentável que no actual contexto difícil que a união europeia atravessa que Angela Merkel só pense em multas, sanções, castigos e só faça ameaças em vez de serem tomadas as decisões que se impõem».

«A senhora Merkel está a acordar tarde e mal para a crise das dívidas soberanas e já deveria ter percebido que se tivessem sido tomadas, em Fevereiro de 2010, as medidas de ajuda à Grécia, medidas essas que depois acabaram por ter de tomar por força dos acontecimentos e a reboque das pressões dos mercados, provavelmente estaríamos todos agora em melhores condições»

«No que diz respeito ao desrespeito dos critérios do Pacto de Estabilidade e Crescimento, a Alemanha e a França foram precisamente os primeiros países a desrespeitar».
“Os alemães são dos principais beneficiados da moeda única e do mercado interno e não devem esquecer que nos momentos difíceis da Alemanha, a Europa foi solidária principalmente quando pagou a reunificação alemã.

«Sou a favor da disciplina orçamental, sou a favor do cumprimento dos critérios do pacto de estabilidade e crescimento, mas estamos agora a viver momentos excepcionais. Ou seja há uma crise global que não havia até 2008 quando a Alemanha e a França desrespeitaram o PEC»

Concordo, inteiramente, com os comentários de Edite Estrela e embora haja mais a dizer o princípal foi dito.




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

-" Contra o Acordo Ortográfico "

Defenda-nos Deus de tamanha ignorância !...


«São mudas mas “falam”» [Nuno Pacheco, Público]


«Valha-nos, ao menos, a insistência da iniciativa legislativa de cidadãos contra o acordo (http://ilcao.cedilha.net/). Deviam assiná-la todos os que ainda não perderam a coragem.»
Nuno Pacheco

"Agora que às criancinhas começa a ser servida nas escolas a nova e indigesta papa ortográfica (que muito trabalho há-de dar a pais e professores, sobretudo a explicar incongruências), eis que surge na revista Ler deste mês um extenso e magnífico artigo onde se dá conta da evolução da monumental farsa a que convencionou chamar-se Acordo Ortográfico ou AO90. Assinado e muito bem escrito por Fernando Venâncio, justifica por si só a compra da revista. Ao lê-lo, os que não sabiam ficarão a saber que, na fúria revolucionária dos primórdios da coisa, chegou a propor-se a abolição total da acentuação nas esdrúxulas: escrevia-se “polemico” e quem quisesse leria polémico, caso de Portugal, ou polêmico, caso do Brasil. E o “nosso” Malaca sugeriu até a supressão total dos hífens, o que daria coisas fantásticas como “bemestar” para “bem-estar” e “malingua” para má-língua.
Tudo à roda, como já perceberam, das temíveis contradições entre o que se diz e o que se escreve. Daí que os génios do AO tenham descoberto aquela que ficará como uma das afirmações mais idiotas deste jovem século: “Não se pronuncia, não se escreve.” É isso que dita, no AO, a morte das consoantes mudas. Mas serão assim tão mudas? Um exemplo curioso e brasileiro: no infinitivo impessoal dos verbos terminados em –er ou –ar, nunca o “r” é pronunciado. Comer, correr, bater, dever, diz-se naturalmente “comê”, “corrê”, “batê”, “devê”; tal como nadar, comprar, voar, andar, se diz “nadá”, “comprá”, “voá”, “andá”. Para lá da etimologia, não é difícil perceber que a vogal final é aberta por causa do “r” que fecha a palavra. Sem “r”, teríamos de ler “come”, “corre”, “bate”, “nada”, “compra”, “voa” e por aí fora. Por isso, a consoante aparentemente muda de tais palavras, afinal, “fala”. E acentua as vogais. Mas, como “não se pronuncia, não se escreve”, ainda um dia esse “r” fi nal será abatido.
Ora com as consoantes suprimidas em Portugal passa-se o mesmo. Por isso, aqui, espectáculo sem “c” só pode ler-se esp’táculo. Não há volta a dar a isto. No artigo já citado, Fernando Venâncio resume da melhor forma o problema (pág. 89): “O nosso magnífico idioma tem duas ortografias diferentes porque tem sistemas vocálicos divergentes. O fosso entre os dois vai-se, mesmo, alargando. Mil acordos ortográficos não conseguiriam uma reaproximação dos dois sistemas. Importa aceitá-lo com naturalidade e não interiorizá-lo como um drama.” Mas a isto o AO nada diz, cego na sua fúria de “unificar” que na verdade não unifica. O artigo lembra também este disparate: na entrada dos hotéis portugueses vai passar a escrever-se “receção”, por imposição do AO, enquanto no Brasil se continuará a escrever, e bem, “recepção”. Tão unificados que estamos…
Estranho é que, mesmo publicando artigo tão clarificador, a Ler passe a partir deste número a aplicar já o AO. É tipicamente português: mesmo aquilo que não faz sentido, aceitamo-lo com um encolher de ombros, esse sim, perigosamente mudo. Valha-nos, ao menos, a insistência da iniciativa legislativa de cidadãos contra o acordo (http://ilcao.cedilha.net/). Deviam assiná-la todos os que ainda não perderam a coragem.
Nuno Pacheco
[Transcrição integral de crónica da autoria de Nuno Pacheco publicada no jornal Público de 19.09.11. Link disponível apenas para assinantes.]"

domingo, 28 de agosto de 2011

-" Casa de Macau em São Paulo "



CASA  DE  MACAU  DE  SÃO  PAULO  CELEBRA  A  SOLIDARIEDADE  LUSÓFONA



José JPeralta
Convidado, participei, em  31 de julho de 2011, da festa do 22º Aniversário da Casa de Macau, em São Paulo, Interlagos. Situa-se em um amplo e belíssimo recanto, ao lado da Represa Guarapiranga.
Foi a terceira vez que estivemos nesta bela instituição. Ela está sediada em dois amplos casarões contíguos  muito bem equipados e ornados.
1. A Casa de Macau é uma Instituição Sociocultural, formada pelos emigrantes de Macau, sediados em São Paulo e arredores.
A Casa foi fundada em 31 de julho de 1989.
O seu Salão de Festas estava cheio, com mais de 200 pessoas. Gente alegre e participativa. Vieram sócios até do Rio de Janeiro.  Festejaram em clima muito alegre e participativo. Cantaram e dançaram e até brincaram.  Faz bem estar com eles. São gente de nossa gente, com valores muito característicos: um misto de chinês e português, no sangue e na cultura.
Uma aliança viva entre duas grandes culturas, criando uma identidade própria. Um povo miscigenado como os brasileiros.
Os Macauenses cultivam suas raízes portuguesas e chinesas, com muito orgulho. Orgulham-se muito do Brasil, país de adoção. É gente que soma, gente criativa: gente de nossa gente.
2. A Comunidade Macauense aí se reúne para, compartilhar  almoços dominicais e datas festivas, sem muitas formalidades.
O carinho dos macauenses, por Portugal e pelo Brasil, está gravado em sua bandeira: a cor verde-amarelo, o mapa do Brasil e o Escudo Português. Falam bem em português, como em chinês.
Vê-se aqui a tendência, natural do português, à miscigenação sem discriminação.  Assim foi no Brasil, na África, em Macau, em Timor... Assim foi consolidada a primeira globalização da história. Assim foi consolidada a grande aliança  multirracial, pelo sangue e pelas culturas, abrindo caminhos para a prosperidade e paz universal... Para saber mais, clique: 
http://tribunalusofona.blogspot.com/2011/08/casa-de-macau.html

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

-" O discurso de um ladrão 500 anos depois "

O jornalista César Príncipe, num excelente artigo, corporiza o inglês Francis Drake, ladrão dos mares e de cidades costeiras, para explicar as causas dos recentes motins e roubos em Inglaterra.
De facto, ninguém mais apropriado para analisar as causas dos roubos do que um pirata especialista em  assassínios, violações e roubos, credenciado pelo governo do seu país, e para acentuar a inevitabilidade de um país que institucionalizou o roubo sentir o efeito disso no seu próprio seio.

Antes da análise do pirata Francis Drake, um vídeo com os acontecimentos a que ele se refere.




Discurso de Francis Drake
por César Príncipe [*]

Sou Francis Drake. Nasci robusto e prometedor no ano de 1540, em Devon. Faleci de gloriosa disenteria em 1596, no Panamá. Fui vice-almirante de Isabel I, que me concedeu Carta de Corso e me alçou à Dignidade de Cavaleiro. Sou Sir Francis Drake. Assaltei, saqueei, incendiei, matei e violei, com gula predatória e talante diplomático, desde a Europa às Américas, da África à Ásia. Não poupei Portugal, o mais velho aliado: investi da Metrópole às Colónias. Por esse mundo de realezas e tribos, aterrorizei cidades, vilas e aldeias. Vasculhei e pilhei barcos e portos, palácios e templos, celeiros e plantações. Dediquei-me ao nobilitante tráfico de escravos. Enchi a Coroa de tesouros e ornei a cabeça de louros. Sou um dos nomes fundadores e inspiradores do Império Britânico, um referente da Nova Globalização: o corso de porta-avião e assalto humanitário. Vim, hoje, ao Palácio de Westminster, ao Parlamento, para enaltecer a epopeia dos mares e esclarecer a crise que grassa em terra. É idêntico o desígnio que nos move. Mudou a estilística. Antes exibia-se a Carta de Corso. Agora brande-se a Carta dos Direitos Humanos sempre que se aborda um petroleiro ou um fundo soberano. Há que atender, contudo, à presente circunstância: somos uma colónia de uma antiga colónia. Também mudou a rainha. Reina outra Isabel, a II. God Save the Queen. Sou Francis Drake. Não pedi a palavra ao speaker, ao presidente, a John Bercow. Até onde sabemos, eu, a rainha e o povo britânico, a Excelentíssima e Gentil Esposa do Presidente, Sally Bercow, também não pediu autorização para irromper nua (velada por um lençol) à janela do apartamento (pago pelos cidadãos), defronte do Palácio de Westminster, deixando-se entrever a um tablóide londrino e à comunidade internacional. [1] Também anunciou a firme disposição de participar no Celebrity Big Brother. Não será Francis Drake, uma legenda eterna da Grã-Bretanha, a submeter-se ao regimento da Câmara dos Comuns.

Senhores Políticos, Senhores Polícias, Senhores Juízes, Senhores Jornalistas, súbditos de Isabel,

Ocorreram, em diversas cidades reais, actos que os negociantes da comunicação e as autoridades governamentais e policiais prontamente qualificaram como tumultos, distúrbios, delitos, actos criminosos, vandalismo, gangsterismo. Ora, o que se passou constitui, para além do óbvio, uma bênção dos céus. Poucas sociedades se poderão orgulhar de ter uma juventude tão brava e com tanta iniciativa, crianças tão audazes e auto-determinadas. Não desperdicemos esta geração combatente. A estranheza e o sobressalto apenas se explicam por desconhecimento da nossa conduta secular e pelo facto de estarmos habituados a manter a paz em casa e a guerra no estrangeiro. De supetão, legiões de ingleses saltaram para as ruas e, durante alguns dias, paralisaram o braço da Lei porque se sentiram iraquianos, afegãos, somalis, líbios. V. Excias. não compreendem o que custa ser iraquiano em Londres, afegão em Manchester, somali em Bristol, líbio em Salford. Eu, Francis Drake, entendo todos os roubos, todos os incêndios, todos os desacatos dos angry young men / das angry young women. [2] Nada de relevante relativamente às pilhagens, destruições e massacres que, dentro das melhores tradições e basilares princípios, levamos a cabo pela esfera terráquea. Não passam de danos colaterais face aos saques e aos escombros que provocamos no Mapa das Matérias-Primas e nos Pontos de Mira Estratégicos. Neste preciso instante. No momento da rebelião caseira. Mas como reagimos entre paredes? Prendemos infantes de 11 anos. Condenamos a quatro anos meros incitadores. Duplicamos as penas. Abarrotamos os cárceres de incriminados e suspeitos. Proclamamos que os desordeiros jamais ocuparão a Praça de Trasfalgar-Tahrir nem pisarão os corredores do Ceptro e os redutos da Libra.

Excelências,

Eles, os filhos da Albion e da Commonwealth, limitam-se a seguir, com espontaneidade, o profissionalismo de Tony Blair e David Cameron. Respondem com a mesma linguagem mas com pobreza de meios. Com uma desculpa. Somente aspiram a uma modesta parte do PIB planetário. Quem sabe: apenas ambicionarão de forma injusta e arbitrária o que é seu, o que é justo e lógico. Porventura um emprego. Talvez uma morada. Por certo boa saúde fora das clínicas de sangue azul e boa educação fora de Oxford e Cambridge. Dêem-lhes as armas de Terra, Mar e Ar e sereis vós os julgados. Não se iludam os estadistas do provisório e os cientistas do acessório: a sublevação não se deve ao BlackBerry Messenger nem ao Twitter. Já no séc. XI havia tumultos em Londres e se ergueu a Torre que foi Casa Real e Centro de Execuções. Sou Francis Drake. Ouçam-me. A ira dos amotinados não se contém com canhões de água, bombas de gás, balas de borracha, gradeamentos e bastões, estigmas de manchettes. Não chegam 16 mil agentes da Scotland Yard em Londres nem tropas de prevenção em Glasgow. A intifada inglesa revelou a fúria acumulada, o fracasso das instituições, a perversão do modelo. Resolver-se-á a crise económico-financeira, a crise social, educacional e familiar com a reposição dos contentores de lixo, dos vidros das montras, o reabastecimento das lojas, uma série de purgas de bairro, uma campanha de placards com os rostos dos suspeitos? Sou Francis Drake. Conheço as águas. A tormenta apaziguou. É assim no Atlântico, no Índico, no Pacífico. É assim até à próxima.

Senhores Deputados, Senhoras Deputadas,

Por enquanto, podereis dormir sem sedativos e sem gorilas à cabeceira. A ordem regressou aos televisores. Repousai nos privilégios de casta e de castelo. Tranquilizai a City , o lugar da Terra onde se concentra mais dinheiro sujo, cofre-forte da guerra, da especulação, da corrupção, da escravidão, do tráfico. God Save the Queen . A NATO e as Monarquias do Golfo não armaram os rebeldes. Os insurrectos não assaltaram a Bastilha do Tamisa, a Tower, onde esteve clausurada Isabel, a I, antes de reinar 45 anos e me confiar missões de mar alto e investidas de litoral. Espero que Isabel II, reinante há 58 anos, não passe pela descortesia de assistir das varandas de Buckingham ao clamor das turbas, ao avanço dos operários- chips , dos estudantes- chats , dos polícias humilhados pelos governantes, dos loiros tornados negros, da embaixadora dos Jogos Olímpicos denunciada pela mãe. É que os brigadistas de Tottenham desconfiam de Cameron, embora este, em jovem, se divertisse a escacar lojas e restaurantes ao lado de Boris Johnson, colega, actual mayor . Cameron só admite que se estilhacem vitrinas e se lese o património por graça, por praxe, como exuberância de pedigree. Jamais por desespero, protesto, repúdio, rompimento dos limites psico-emocionais, alarme de sobrevivência. Boris, esse que respeitabilidade colherá no seio dos jovens irritados? Dirá aos ingleses em polvorosa o que disse aos gregos em transe: a melhor ajuda é deixá-los sozinhos. [2] Que esperança tendes para dar a tanta descrença?

Meritíssimos Juízes,

Os governantes entregam os vândalos ao vosso cuidado, exortando as instâncias de fim de linha a ditar sentenças céleres, implacáveis, memoráveis, que não se enredem em jurisprudências. Até concordaria se não fosse levado a algumas reservas, no sentido de poupar o ido Império à desmoralização geral ou ao perigoso culto da anti-violência. É indispensável o mínimo de moral para impor o máximo de imoralidade. Que vemos nos casos em que o Estado e os seus protegidos cometem crimes de alta parada? A Justiça é lenta, vacilante, persuadida a conter-se. Recordemos David Kelly, biólogo, ligado ao Ministério da Defesa, perito em desarmamento da ONU. Pôs em causa o fabrico e o armazenamento de armas de destruição em massa por parte do Iraque. Foi ostracizado e vítima de aparente suicídio . Que tem feito a Justiça para apurar esta suposta interrupção voluntária da existência? Norman Baker, deputado sem temor, empreendeu uma investigação por conta própria e concluiu: Um suicídio pode ser encenado para esconder as pistas dos assassinos. Todos os indícios me levam a crer que foi isso que aconteceu no caso do Dr. Kelly. [3] E como actuou Tony Blair, uma das criaturas mais sinistras da última década, no caso da super-corrupção, envolvendo a BAE Systems, a maior empresa europeia de equipamentos militares e de segurança e a família real saudita? O Serious Fraud Office/SFO foi aconselhado a congelar a investigação em 2006 e a Câmara dos Lordes, Corte Suprema da Justiça, desautorizou vários tribunais que se pronunciaram pelo andamento do processo. Havia biliões em jogo. Um ano depois, o rei saudita desembarcou em Londres com a comitiva, acomodada em seis aviões e 84 limusinas, deslocou-se de carruagem puxada a cavalos brancos, recebeu as honras da Guarda Real, brindou com a rainha, saudado por Gordon Brown e David Cameron.

Meritíssimos,

A Corte Suprema foi célere a abortar a Justiça. Foi implacável para com a Verdade. Foi memorável a rever a História dos Gangues Aristocráticos.

Só mais um reparo à morosidade da Justiça no que toca aos Grandes Burocratas e aos Grandes Magnatas: há semanas fomos notificados de outro aparente suicídio. [4] Desta vez, coube morrer misteriosamente a Sean Hoare, jornalista da News Corporation, de Rubert Murdock, que havia denunciado a prática de escutas ilegais e subornos policiais, que arrastaram o News of the World para o encerramento. David Cameron sempre manteve íntimas relações com quadros deste universo. Cameron não instiga os magistrados a redobrar diligências e a atropelar jurisprudências?

Senhores Jornalistas e Senhores Comentadores,

Reservo o final da oração aos chiens de garde do sistema. Sem dúvida que os bandos juvenis não foram cavalheiros de coco nem cavaleiros de penacho. Excederam-se. Provocaram danos no espaço cívico e na fazenda privada. São reprováveis tais desmandos. Mas não serão reprováveis os desmandos nacionais e internacionais de Blair, Cameron e Murdock? Que força vos impede de chamar criminosos e vândalos a estas e outras entidades? O que vos solta a língua e a pen para diabolizar os gangues periféricos? A Polícia abateu um cidadão. As arruaças causaram quatro mortes. Breivik, o terrorista norueguês, averbou 77 vítimas (69 mortais). Muitos de vós tratam o carrasco neo-nazi com complacência e prudência: assassino fotogénico, lobo solitário, autor confesso do ataque, fanático, islamofóbico, perturbado mental. Muitos de vós, demasiados, quase todos, tratam Kadhafi e Assad como ditadores e Mubarak como ex-presidente e ex-faraó e Abbdullah ibn Abdul Aziz Al Saud como Sua Majestade e guardião de dois lugares sagrados. [5]

A Ti, Isabel I, já não a bordo do Golden Hinal e do Elizabeth, que capitaneei ao Teu Serviço, mas das bancadas verdes de Isabel II, renovo o juramento de lealdade e frontalidade. Sei que não eras mulher de um só homem, que, por amor da grandeza anglo-saxónica, expuseste os frutos do Éden, não à janela como a esposa do speaker, mas no sigiloso e tumultuoso leito, conciliando as prazeres de uma estadia com os deveres de Estado. No entanto, viveste em aparente suicídio da volúpia, fabricando uma imagem de rainha santa, blindada por tecidos preciosos, ajaezada de rendas e cintilações. Os povos apreciam devassos com resplendor. Não descuraste sequer a pedra sepulcral:

AQUI JAZ ISABEL, QUE VIVEU E MORREU VIRGEM.

Saberás, pela própria experiência, que a Tua auréola de castidade serviu para atenuar a carga dos meus deboches e estupros e a sobrecarga dos veneráveis cortesãos e dos bispos de Cantuária. Nunca tive pejo em identificar-me Fui pirata a sério. Reconheço, pelo menos, 70 filhos em locais com indicadores estatísticos. Mas quantos marinheiros e missionários fabriquei e abandonei em povoações exóticas, mercê de cobrições furtivas? Deus os terá numerado com o ferrete da compaixão. São milhares os meus descendentes. Alguns terão organizado as manifestações de Agosto. Alguns terão organizado a repressão. Quem sabe se David Cameron nasceu de uma rixa de alcova com uma camareira da rainha? Tenho uma virtude: continuo pirata. Desprezo quem me incensa ou branqueia. Há dias surpreendi um site de História a arrebatar-me o título de Sir do Corso e da Armada Invencível, emprestando-me uma aura de cartógrafo curioso:

DEDICOU-SE À EXPLORAÇÃO GEOGRÁFICA.

Senhores Deputados, Senhoras Deputadas,


Sois indignos de Francis Drake.
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1. Pose para o Evening Standard (05/02/2011). Sally Bercow argumentou com a necessidade de pôr na agenda o erotismo do poder. Celebrity Big Brother / programa voyeur / TVFive.
2. Angry young men / angry young women /jovens irritados. Grupo literário, que se evidenciou a partir de 1950, com o denominador comum da indignação sociocultural/cólera criativa e que incluiu, entre outros, Alan Sillitoe, Bill Hopkins, John Wain, John Osborne, John Braine, Kingsley Amis, Shelagh Delaney, Doris Lessing.
3. Declaração de Boris Johnson, The Daily Telegraph (19/06/2011).
4. Norman Baker, deputado liberal-democrata, Daily Mail (20/09/2007).
5. Sean Hoare, encontrado morto na residência (18/07/2011).
6. Meca e Medina.

[*] Escritor/Jornalista. Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Fonte: esta matéria foi enviada pelo nosso amigo Canojones




domingo, 7 de agosto de 2011

-" Renda Básica de Cidadania "

Com a crise financeira que assola o Ocidente, reacendeu-se, na Europa, o debate acerca da introdução da Renda Básica de Cidadania, como sendo uma ideia que poderá modificar as condições de vida de toda a humanidade.
Em inglês designa-se por “Universal Basic Income”, em francês por “Revenu de Base” e em alemão por “Grundeinkommen”.
Esta forma de rendimento foi referida pela primeira vez, que se saiba, em 1795 por Thomas Paine, no panfleto “Agrarian Justice”, de sua autoria, inspirado na filosofia do igualitarismo.
A única experiência de Renda Básica no mundo é a do estado americano do Alasca, desde 1982..
No Brasil, a instituição da Renda Básica foi aprovada pelo Senado em 2004. O primeiro Município a aprovar a lei foi o de Santo António do Pinhal–São Paulo, em 2009.
Infelizmente, a lei ainda não saiu do papel mas existe, já há alguns anos, uma experiência-piloto em Quatinga Velho.
Os atuais defensores da Renda Básica de Cidadania pretendem que ela seja atribuida sem condicionalismos, considerando que todo o ser humano tem direito a dispor de condições que lhe permitam viver dignamente, desde o berço até à sepultura;
- ou seja: qualquer pessoa, só pela razão de existir, terá direito à Renda Básica, que será igual para todos, independentemente da sua posição social e de outros rendimentos de que disponha.
O vídeo que se segue, presta mais esclarecimentos


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

-" O Fado na Galiza "

"...hei de te cantar esta noite, do fundo da minha alma, nesta língua tão formosa, que nem o Minho separa"

A fadista galega Maria do Ceo canta a beleza da nossa Língua comum



Fonte: vídeo enviado por Canojones.

sábado, 30 de julho de 2011

-" A Galiza na CPLP "

Academia Galega da Língua Portuguesa consegue Estatuto de Observador Consultivo na Comunidade de Países de Língua Portuguesa

Sexta-feira, 22 de Julho de 2011 20:06

XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

O Conselho de Ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, na sua XVIII reunião, realizada em Luanda o dia 22 de julho, decidiu conceder a categoria de Observador Consultivo à Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa.

De conformidade com o Regulamento dos Observadores Consultivos, a candidatura da Academia Galega tinha de ser defendida por um dos países integrantes da CPLP. A iniciativa da sua apresentação e patrocínio correspondeu ao Governo da República de Angola, país que vem exercendo a presidência deste organismo internacional.

A Academia Galega recebeu o apoio unânime dos 8 estados integrados na CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Lorosae, vendo compensados os esforços dedicados ao efeito pela Comissão Executiva, com o consenso e contributo de todos os académicos e a colaboração da Associação Cultural Pró AGLP.

A decisão ora adotada é duplamente significativa, por ser a primeira entidade observadora de um país não integrado na sua estrutura, e por tratar-se de uma academia da língua, reconhecendo de facto a Galiza como território de língua portuguesa. Este apoio internacional reforça o protagonismo do processo de reintegração linguística galega, que nas últimas décadas vem recebendo um crescente apoio social, podendo converter-se num instrumento importante no processo de recuperação da língua da Galiza, que vem sendo defendida pela sociedade civil articulada num amplo e variado leque de associações e instituições culturais e educativas.

Fonte: notícia enviada pelo nosso amigo Canojones.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

-" Os Piratas da Somália "


QUEM SÃO OS PIRATAS DA SOMÁLIA? -
Uma situação tão escandalosa como esta deve ser denunciada tanto quanto possível ! A todos os que estão conscientes do problema peço que reeencaminhem este vídeo para todos os vossos amigos. Para verem as legendas em português basta clicar na seta do lado direito da caixa de idiomas no roda-pé.


http://dotsub.com/view/8446e7d0-e5b4-496a-a6d2-38767e3b520a

terça-feira, 12 de julho de 2011

-" Vergonha que não tenho de ser Nordestina "

Aqui está a prova provada de que se pode ser natural de qualquer parte do Brasil e escrever bom português sem pôr de parte os regionalismos que só enriquecem a língua. Bom português, é bom português, seja lá de que lado do Atlântico for, contrariamente ao que alguns intelectuais de pacotilha apregoam.
Apreciem bem esta jóia de prosa lusófona !          
                                                                                
AN                     
"VERGONHA QUE NÃO TENHO DE SER NORDESTINA"
    Sheila Raposo  ( Jornalista )
"Cultivado entre os cascalhos do chão seco e as cercas de aveloz que se perdem no horizonte, cresceu, forte e robusto, o meu orgulho de pertencer a esse pedaço de terra chamado Nordeste.
Sou nordestina. Nasci e me criei no coração do Cariri paraibano, correndo de boi brabo, brincando com boneca de pano, comendo goiaba do pé e despertando com o primeiro canto do galo para, ainda com os olhos tapados de remela, desabar pro curral e esperar pacientemente, o vaqueiro encher o meu copo de leite, morninho e espumante, direto das tetas da vaca para o meu bucho.
Sou nordestina. Falo oxente, vôte e danou-se. Vige, credo, Jesus-Maria e José! Proseio com minha língua ligeira, que engole silabas e atropela a ortoépia das palavras. O meu falar é o mais fiel retrato. Os amigos acham até engraçado e dizem sempre que eu “saí do mato, mas o mato não saiu de mim”. Não saiu mesmo! E olhe: acho que não vai sair é nunca!
Sou nordestina. Lambo os beiços quando me deparo com uma mesa farta, atarracada de comida. Pirão, arroz-de-festa, galinha de capoeira, feijão de arranca com toucinho, buchada, carne de sol... E mais uma ruma de comida boa, daquela que, quando a gente termina de engolir, o suor já está pingando pelos quatro cantos. E depois ainda me sirvo de um bom pedaço de rapadura ou uma cumbuca de doce de mamão, que é pra adoçar a língua. E no outro dia, de manhãzinha, me esbaldo na coalhada, no cuscuz, na tapioca, no queijo de coalho, no bolo de mandioca, na tigela de umbuzada, na orêa de pau com café torrado em casa!
Sou nordestina. Choro quando escuto a voz de Luiz Gonzaga ecoar no teatro de minhas memórias. De suas músicas guardo as mais belas recordações. As paisagens, os bichos, os personagens, a fé e a indignação com que ele costurava as suas cantigas e que também são minhas. Também estavam (e estão) presentes em todos os meus momentos, pois foi em sua obra que se firmou a minha identidade cultural.

Sou nordestina. Me emociono quando assisto a uma procissão e observo aqueles rostos sofridos, curtidos de sol do meu povo. Tudo é belo neste ritual. A ladainha, o cheiro de incenso. Os pés descalços, o véu sobre a cabeça, o terço entre os dedos. O som dos sinos repicando na torre da igreja. A grandeza de uma fé que não se abala.
Sou nordestina. Gosto de me lascar numa farra boa, ao som do xote ou do baião. Sacolejo e me pergunto: pra quê mais instrumento nesse grupo além da sanfona, do triangulo e da zabumba? No máximo, um pandeiro ou uma rabeca. Mas dançar ao som desse trio é bom demais. E fico nesse rela-bucho até o dia amanhecer, sem ver o tempo passar e tampouco sentir os quartos se arriando, as canelas se tremelicando, o espinhaço se quebrando e os pés se queimando em brasa. Ô negócio bom!
Sou nordestina. Admiro e me emociono com a minha arte, com o improviso do poeta popular, com a beleza da banda de pífanos, com o colorido do pastoril, com a pegada forte do côco-de-roda, com a alegria da quadrilha junina. O artista nordestino é um herói, e nos cordéis do tempo se registra a sua história.
Sou nordestina. E não existe música mais bonita para meus ouvidos do que a tocada por São Pedro, quando ele se invoca e mete a mãozona nas zabumbas lá do céu, fazendo uma trovoada bonita que se alastra pelo Sertão, clareando o mundo e inundando de esperança o coração do matuto. A chuva é bendita.
Sou nordestina. Sou apaixonada pela minha terra, pela minha cultura, pelos meus costumes, pela minha arte, pela minha gente. Só não sou apaixonada por uma pequena parcela dessa mesma gente que se enche de poderes e promete resolver os problemas de seu povo, mentindo, enganando, ludibriando, apostando no analfabetismo de quem lhe pôs no poder, tirando proveito da seca e da miséria para continuar enchendo os próprios bolsos de dinheiro.
Mas, apesar de tudo, eu ainda sou nordestina, e tenho orgulho disso. Não me envergonho da minha história, não disfarço o meu sotaque, não escondo as minhas origens. Eu sou tudo o que escrevi, sou a dor e a alegria dessa terra. E tenho pena, muita pena, dos tantos nordestinos que vejo por aí, imitando chiados e fechando vogais, envergonhados de sua nordestinidade. Para eles, ofereço estas linhas.
Fonte: esta jóia foi-nos enviada pela nossa amiga Inêz Paiva

quinta-feira, 7 de julho de 2011

-" A Galiza e a Lusofonia "

O vídeo que abaixo se exibe é altamente aconselhado a todos os leitores que estejam identificados com o problema linguístico e político da Galiza e a todos os que desconheçam que na Galiza e em Portugal se fala a mesma língua.

Nele se refere a importância da Academia Galega de Língua Portuguesa e os Colóquios da Lusofonia de 2011.
Macau acolheu durante este mês de abril (2011) os Colóquios da Lusofonia. A Ásia recebeu aos perto de quarenta inscritos neste congresso organizado pela Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL). Entre os membros da comitiva oficial, integrada por 17 pessoas vindas dos diversos países de língua portuguesa, estava a Concha Rousia que, para além de representar a AGLP no congresso, foi entrevistada na TDM por Marco Carvalho, tal e como podemos ver no vídeo.

Este colóquio foi possível graças a generosidade e o patrocínio do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e ao interesse da China pola nossa língua.

Mais info: http://www.academiagalega.org/info-atualidade/concha-rousia-entrevistada-na-t...

sábado, 2 de julho de 2011

-" Discriminação Linguística - Uma Polêmica "



ENSINO DA LÍNGUA MATERNA E PROMOÇÃO HUMANA
CONTRASTES E CONFRONTOS

José JPeralta
I
O ENSINO DA LÍNGUA NUM MUNDO GLOBALIZADO

1. A nossa língua pátria, como muitos outros patrimônios de nosso país, como acontece em outros países, está sujeito a questionamentos, como tudo o que é humano. Se é razoável ou não, é sempre um ponto a considerar e a reforçar.
Neste ensaio, dou a minha contribuição a uma polêmica nacional
sobre a questão da “Discriminação Linguística” e o ensino da Gramática Normativa, que considero  uma dicotomia impertinente, insustentável e abusiva.
Penso que o país não tem tempo a perder, com um assunto tão sem sentido, em má hora levantado por mentes condicionadas, e que não pode ficar sem resposta... Envolve poucos, mas, sorrateiramente pode  envolver e enganar a muitos, por tocar em pontos sensíveis ao leitor atento.
Está em pauta o princípio que defendemos, de que o não ensino da Norma Culta é sonegação de direitos, por grave preconceito. Contestemos os que falam e propõem o contrário, numa atitude de grave agressão à unidade linguística do Brasil. Propomos a superação de toda a discriminação linguística e contestamos os que, ardilosamente, invertem os conceitos, propondo o preconceito como libertação. É disto que aqui tratamos.

2. Um dos livros mais preconceituosos e com mais sofismas que já vi foi esse amontoado de tolices filosóficas, populistas, nada científico, que é a “Língua de Eulália”. Mas, enfim, propõe-se como novela (?!) Ou quer ser Cavalo de Tróia?!
Não há nesse livro nada de novo a não ser o ranço e os claros ressentimentos e complexos que marcam o fio condutor da Novela. Entre algumas páginas vai destilando seus rancores e preconceitos persecutórios Entretanto não posso deixar de reconhecer que tem alguns pontos muito bons. (Voltarei a este tema).
Procuramos colocar cada conceito no seu lugar, desmistificando-os, e derrubando sofismas. Até porque certas pessoas, que se  dizem “linguistas”, como se isso os tornasse intocáveis e sábios, o que propõem é provar que a Língua que se fala no Brasil não é a Língua Portuguesa. Querem  que isso seja  decretado oficialmente! Isto é algo de idiota, que  está na contramão do que se faz no mundo. Falaremos disto mais tarde.
Efetivamente, a língua é um dos legados mais extraordinários que Portugal deu ao Brasil.
Para ler mais, clique

terça-feira, 28 de junho de 2011

-" Português às camadas "

Caro Senhor J.L.R.!

A mensagem que me enviou, bem como o texto do Snr. Marcos Bagno que a acompanhava e que já publiquei, foram lidos, por mim, com o maior interesse.

Embora a minha licenciatura não seja de Letras, fui, durante alguns anos, professor de português no estrangeiro o que me põe à vontade para rebater algumas afirmações que o referido Snr. Bagno produziu.
Para facilitar a comunicação, transcreverei os trechos com os quais não concordo seguidos do meu comentário.

“Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua”.

Concordo com esta afirmação e até mesmo  já  escrevi  que  “a comunicação social é a 5ª coluna da lusofonia”.

“Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.”

Considero esta afirmação tão descabida como as que foram feitas contra o novo Acordo Ortográfico. Se afirmações destas são produzidas por alguém responsável, como poderemos criticar as dos menos preparados ?
Essa  do “português brasileiro” é sintomática de patriotismo  serôdio que leva a situações ridículas, como as dos avisos de certas “impressoras” que quando programadas para «português de Portugal» informam que “a impressão começou” e quando programadas para «português do Brasil»  dizem que “a impressão foi iniciada” !? … Isso, sim, são situações, no mínimo, patéticas !

 “Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles — se julgarem pertinente, adequado e necessário — possam vir a usá-la TAMBÉM”.

Neste trecho o Snr. Bagno consegue ultrapassar-se! O que é que ele pretende ?  Uma sociedade em camadas ? Que se guarde  o  «português correto» para quem tem posses para estudar e se  deixe  o «português brasileiro» para os favelados!?... É isto que ele pretende?
Que se faça  o favor de ensinar o português correto “àquela gentinha”  para que possa falar “certo” se julgar pertinente, adequado e necessário ?

“O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme, que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados)”.

Depois desta frase o assunto muda de figura: deixa de ser uma questão de filosofia para passar a ser uma questão de conhecimento !
O verbo “assistir” obriga à preposição “a”, pelo que dizer «assisti o filme» está incorreto. Não é uma apreciação purista!
Usar o artigo no singular quando o substantivo está no plural, está incorreto, apesar dos 101% do Snr. Bagno. Além disso, posso aconselhar uma consulta ao Dicionário Enciclopédico Koogan-Laroussse,  onde se pode ler que « Óculo » (substantivo, masculino, singular)  é um instrumento que amplifica  e «Óculos»(substantivo, masculino, plural) um par de lentes encaixadas numa armação preparada para ser colocada no nariz, diante dos olhos.

Meu caro Senhor J.L.R.!  Como vê,  o documento de que se socorreu é cientificamente  irrelevante, tendencioso, socialmente tóxico, pernicioso para a Lusofonia e contrário aos objetivos de valorização mundial da língua portuguesa.
Obviamente, além de pretender uma sociedade em camadas,  o Snr. Bagno pretende que, no Brasil, passe a falar-se um dialeto crioulo.

Envio-lhe os melhores cumprimentos.

sábado, 25 de junho de 2011

-" Mais um comentário a "No Brasil, falar errado é... certo "

Relacionado com o artigo "No Brasil, falar errado...é certo" recebi mais o seguinte comentário que abre uma nova perspetiva e que, de algum modo, embora pela negativa, vem dar razão ao autor do artigo.


"Por favor, leiam o seguinte texto. Será muito enriquecedor para a discussão, e para  consertar argumentos usados que, francamente, em sua maioria não têm nada a ver com a discussão em si.
A questão não corresponde a PT, PSDB, ou qualquer outra sigla relacionada, e sim siglas como UFRJ, USP, e quaisquer outras siglas de universidades e suas respectivas Faculdades de Letras. Assim como eu não concordo com as informações transmitidas, e mesmo assim li esse texto, espero que o responsável pela sua publicação leia esse outro encaminhado por mim, que se trata de um comentário coerente de alguém compromissado com a educação.

http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745

POLÊMICA OU IGNORÂNCIA?
DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA

Marcos Bagno
Universidade de Brasília

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua. Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).

Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.

Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro, com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela — devidamente fossilizada e conservada em formol — que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.

Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.

A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.

Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).

Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.

Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles — se julgarem pertinente, adequado e necessário — possam vir a usá-la TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme, que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados).

O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em que a defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?