Países dos leitores

Países dos leitores

quarta-feira, 30 de junho de 2010

- "VPV versus Saramago"

O texto publicado abaixo só serve para confirmar várias coisas:
- que o autor de “Achtung Baby”(ver texto publicado neste blogue em 27 do corrente) sabia
muito bem o que queria denunciar;
- que a instrução não é diretamente proporcional à inteligência;
- que um indivíduo instruído não é, obrigatoriamente, inteligente (veja-se a verborreia de PVP)
- que um indivíduo sem instrução pode ser inteligente (veja-se a obra de Saramago).

Do referido texto, por entre tantas pérolas, ainda podemos retirar um silogismo, resquício da brilhante instrução de que o autor beneficiou, que é o seguinte:
- “Saramago está entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente ouve”;
- “Saramago vendeu milhões de livros”;
- logo, quem comprou os livros de Saramago não é inteligente ! …

Coitada da Comunicação Social portuguesa !


"Saramago - texto de Vasco Pulido Valente

O problema com o furor que provocaram os comentários de Saramago sobre a Bíblia (mais precisamente sobre o Antigo Testamento) é que não devia ter existido furor algum. Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. São ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto, zangado com os padres por razões de política e de inveja. Já não vêm a propósito. Claro que Saramago tem 80 e tal anos ,coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara, e que, ainda por cima, não estudou o que devia estudar, muito provavelmente contra a vontade dele. Mas, se há desculpa para Saramago, não há desculpa para o país, que se resolveu escandalizar inutilmente com meia dúzia de patetices.
Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários "camaradas" que não valiam nada, e vendeu milhões de livros, como muita gente acéfala e feliz que não sabia, ou sabe, distinguir a mão esquerda da mão direita. E claro que o saloiice portuguesa delirou com a façanha. Só que daí não se segue que seja obrigatório levar a criatura a sério. Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia ou sobre qualquer outro assunto, excepto sobre os produtos que ele fabrica, à maneira latino-americana, de acordo com o tradição epigonal indígena. Depois do que fez no PREC, Saramago está mesmo entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente em princípio ouve.
O regime de liberdade, aliás relativa, em que vivemos permite ao primeiro transeunte evacuar o espírito de toda a espécie de tralha. É um privilégio que devemos intransigentemente defender. O Estado autoriza Saramago a contribuir para o dislate nacional, mas não encomendou a ninguém? principalmente a dignitários da Igreja como o bispo do Porto - a tarefa de honrar o dislate com a sua preocupação e a sua crítica. Nem por caridade cristã. D. Manuel Clemente conhece com certeza a dificuldade de explicar a mediocridade a um medíocre e a impossibilidade prática de suprir, sobre o tarde, certos dotes de nascença e de educação. O que, finalmente, espanta neste ridículo episódio não é Saramago, de quem - suponho - não se esperava melhor. É a extraordinária importância que lhe deram criaturas com bom senso e a escolaridade obrigatória."

domingo, 27 de junho de 2010

-" Vasco Pulido Valente na blogosfera "

Encontrei no blogue "Achtung Baby ", publicado em Janeiro de 2006, o excelente trabalho que, com a maior satisfação, passo a divulgar.

"A chegada de Vasco Pulido Valente à blogosfera portuguesa.

18:00 - A agitação começou quando foi anunciado que, nesta segunda-feira, Vasco Pulido Valente, historiador e pessimista profissional, iria começar a escrever na blogosfera. Os populares sairam à rua em expectativa e alguma euforia.

18:21 - A maior concentração verificou-se junto ao Instituto Superior Técnico de Lisboa, por causa do rumor que seria num dos supercomputadores do IST que Vasco Pulido Valente escreveria o seu primeiro post.

18:25 - No Brasil, a agitação também era grande. Foram instalados ecrãs gigantes nas praias do Rio, para que se pudesse acompanhar em directo o momento do primeiro post. Na foto em baixo, o blogueiro Alexandre Soares Silva lança-se ao areal, na tentativa de arranjar um local para instalar o laptop.


18:35 - À medida que a realidade de um primeiro post de Vasco Pulido Valente se torna iminente, os portugueses que saíram mais tarde do trabalho correm para casa. A confusão nas ruas leva alguns a recorrer aos lares dos amigos próximos, já que se torna impossível o regresso atempado a casa. Na foto de baixo, dois membros do Aspirina B ajudam um companheiro a não perder o grande momento.


18:50 - O relógio marcava a hora oficial prevista para o primeiro post de Vasco Pulido Valente. Mas, no ecrã, o inesperado:


INTERNAL SERVER ERROR


18:52 - O país teme o pior.


18:55 - Vasco Pulido Valente não desiste.
Três pequenas linhas para um homem - um texto gigante para a blogosfera.
Nascia uma lenda blogosférica, nascia: «vpv».

18:56 - Esquerdistas, conservadores, liberais, grandes masturbadores; o entusiasmo é geral. Nunca um pessimista trouxe tanta alegria - a blogosfera portuguesa vai ao delírio


19:05 - Em apenas dez minutos mais dois posts. No Contra-a-Corrente, Acidental, Arte da Fuga e Glória Fácil, chora-se de emoção frente ao ecrã do computador.

Uma emoção sentida em comunhão por todos nós. Uma emoção que marca para sempre esta segunda-feira - o dia em que todos os bloggers foram 'vpv'.

O dia em que a blogosfera voltou a acreditar."


terça-feira, 22 de junho de 2010

-" Saramago "

Um Lutador ou um Provocador
J. Jorge Peralta

“Defendeste a pátria? Cumpriste o teu dever.
A Pátria foi ingrata?! Fez o que costuma fazer.”
(P. Antônio Vieira)

1. Um Homem Paradoxal
O aguilhão de Saramago talvez nos faça falta. Poderemos não concordar com ele, em algumas de suas diatribes polêmicas, no entanto, não podemos negar sua coerência de homem livre. Por outro lado, ele carregou consigo um grande mérito: Suas posições políticas, como cidadão, não interferiram em sua obra: não fez literatura partidária.
Politicamente, no entanto, teve atitudes, para muitos, abomináveis. Ninguém é perfeito... Até dos seus erros podemos tirar ensinamento.
Saramago com sua vida e obra, com seus defeitos e virtudes, estará no Panteão da Lusofonia, quer queiramos quer não.
No Panteão da Lusofonia não cabem ódios nem rancores. Saramago não colocou ódios ou rancores na sua obra. O tempo o absolverá de seus erros políticos. Restará sua obra. Esta o elevará.
Acredito que está na hora de Portugal redescobrir Saramago, sem preconceitos, como um de seus filhos amados, apesar dos pesares.
.........................................................................................................
......................................................
( Ler o texto completo em «http://rosadosventos2.blogspot.com/ »

domingo, 20 de junho de 2010

-" José Saramago aos 86 anos "

Dizem-me que as entrevistas valeram a pena. Eu, como de costume, duvido, talvez porque já esteja cansado de me ouvir. O que para outros ainda lhes poderá parecer novidade, tornou-se para mim, com o decorrer do tempo, em caldo requentado. Ou pior, amarga-me a boca a certeza de que umas quantas coisas sensatas que tenha dito durante a vida não terão, no fim de contas, nenhuma importância. E porque haveriam de tê-la? Que significado terá o zumbido das abelhas no interior da colmeia? Serve-lhes para se comunicarem umas com as outras? Ou é um simples efeito da natureza, a mera consequência de estar vivo, sem prévia consciência nem intenção, como uma macieira dá maçãs sem ter que preocupar-se se alguém virá ou não comê-las? E nós? Falamos pela mesma razão que transpiramos? Apenas porque sim? O suor evapora-se, lava-se, desaparece, mais tarde ou mais cedo chegará às nuvens. E as palavras? Aonde vão? Quantas permanecem? Por quanto tempo? E, finalmente, para quê? São perguntas ociosas, bem o sei, próprias de quem cumpre 86 anos. Ou talvez não tão ociosas assim se penso que meu avô Jerónimo, nas suas últimas horas, se foi despedir das árvores que havia plantado, abraçando-as e chorando porque sabia que não voltaria a vê-las. A lição é boa. Abraço-me pois às palavras que escrevi, desejo-lhes longa vida e recomeço a escrita no ponto em que tinha parado. Não há outra resposta.

( Texto enviado por Bárbara Lima (Brasil)


quinta-feira, 17 de junho de 2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

-" A redenção de António Barreto "

Fiquei agradavelmente surpreendido ao ler o artigo de António Barreto que a seguir transcrevo. É com satisfação que verifico que a posição pouco esclarecida e irresponsavel que ele, durante anos, teve em relação à descolonização, está agora a passar por um processo de esclarecimento e de redenção. Só que eu acredito muito pouco em coincidências e não posso deixar de considerar estranho que só agora António Barreto tenha tido conhecimento do livro ( editado em 2007 ) a que se refere e, coisa curiosa, só em Abril deste ano se lembrou de reclamar o julgamento de Rosa Coutinho e quejandos. Infelizmente, o "almirante vermelho" já não pode ser julgado na Terra e espero que as penas do inferno nunca lhe sejam leves.
Mas, António Barreto pode ainda fazer muito por esta causa ! ... Pode, por exemplo, reforçar tudo o que afirmou no seu discurso no Dia de Portugal ! ...
É que, entre os vivos, ainda há muitos responsáveis pela criminosa descolonização ! ...
O livro que Leonor Figueiredo escreveu com o título de "Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola", revela mais alguns nomes de responsáveis que duvido que António Barreto desconheça. Só espero que, neste caso, não demore, também, três anos até ter conhecimento do livro.






Portugal País de homens sem HONRA e sem Vergonha que nunca julgou Rosa Coutinho e outros seus iguais.

domingo, 13 de Abril de 2008
"Angola é nossa !"

Holocausto em Angola' não é um livro de história. É um testemunho. O seu autor viu tudo, soube de tudo.
Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: 'Memórias de entre o cárcere e o cemitério'. O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi.. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que 'já sabiam'. Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as execuções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam 'julgamentos populares', perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores.

A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República.
..........................................................................................................................................................................

(Ler o artigo completo e a carta do Alto-Comissário em Rosa-dos-Ventos Editor
«
http://rosadosventos2.blogspot.com » )


quinta-feira, 10 de junho de 2010

-" O Palácio de D. Ana Joaquina, em Luanda "

No ano passado, informaram-me que o Palácio de D. Ana Joaquina tinha sido demolido, o que, para mim, foi uma triste notícia, pois o edifício era dos mais emblemáticos de Luanda. Felizmente, recebi há dias o desmentido e a confirmação de que o Palácio continua de pé, depois de dura batalha que, para bem de Angola, foi ganha por entidades conscientes do valor histórico do espólio arquitetóneo de Luanda.

Anterior a 1755, esta majestosa residência da rua Direita, bem característica do barroco colonial português, foi propriedade de D. Ana Joaquina dos Santos Silva. Essa opulenta mestiça que viveu até quase aos cem anos e se finou numa viagem a Portugal, nos finais do séc. XIX, talvez tenha herdado o sobrado de seus pais.
Certo é que detinha um imenso poderio económico e grande peso político. Era proprietária de um chorudo negócio de escravos, duma verdadeira frota de navios e senhora de um império agrícola. Gozava de notória influência política junto de variadas tribos do interior, influência essa que se estendia até à Lunda, para Leste, e até ao Bailundo e Namibe, para Sul. A ela recorreram, várias vezes, os Governadores-Gerais para servir de medianeira em conflitos com potentados do sertão.
Um viajante italiano da época, Tito Omborri, refere-se-lhe assim na sua obra “ Viaggi nell’Africa Ocidentale “: -“ o seu poder apoia-se nos sobas mais poderosos e na vassalagem de todas as populações que a chamam de sua raínha, porque conhece as diferentes línguas e detém em sua casa o empóreo do seu comércio … é obedecida pelas tribos mais longínquas; ninguém ousa contrariar a sua vontade e o próprio Governo de Luanda acha-se sem força para a defrontar…”.
No interior chamavam-lhe “ Dembo Ulála “ e em Luanda era conhecida pela Baronesa do Bungo, já que a sua grande casa se situava no bairro do mesmo nome, que se estendia até á actual Estação do Caminho de Ferro.
O Palácio de D. Ana Joaquina é e terá sido a maior das “Casas-Grandes” de Luanda. O edifício, no seu conjunto, terá resultado da construção de uma nova ala entre as outras duas contíguas e já existentes anteriormente, sendo a mais antiga a do lado SW. Teve na sua frente um vasto terraço, que foi sacrificado cerca de 1950, pela necessidade de alargar a rua Direita. Correm lendas de subterrâneos que ligavam o casarão à praia, por onde sairiam, após a lei da abolição, os escravos que D.Ana Joaquina continuava a negociar clandestinamente.
Apesar de necessitado de urgente restauro, o edifício mantém a sua traça original, com excepção das balaustradas das sacadas, que já não são as de madeira, do séc. XVIII, mas as colocadas no séc.XIX, em ferro.

Texto compilado a partir da obra “Luanda de outros tempos” de José Almeida Santos.



terça-feira, 1 de junho de 2010

- "O Mundo sem engenheiros"

Sem engenheiros eletrotécnicos
Sem engenheiros mecânicos
Sem engenheiros civis
Sem engenheiros de telecomunicações
Sem engenheiros informáticos
Sem engenheiros aeronáuticos
Simplesmente sem engenheiros

Ahhh ... que sossegoooo ! ! ! !


Enviado pelo nosso prezado amigo "frlima"