Países dos leitores

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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

-"Comunidade de TUGU (Indonésia)"


Tugu é uma aldeia a poucos quilômetros de Jacarta, a capital da Indonésia, mais precisamente na ilha de Java. Em Tugu sente-se uma tranquilidade típica das aldeias portuguesas para o que contribuem a igreja branca datada do século XVII e um largo com arvoredo que lembra o centro de algumas aldeias de Portugal.


Tugu foi formada no século XVII com os prisioneiros feitos nos territórios portugueses da Índia que os holandeses conquistaram. Com eles trouxeram um crioulo baseado no português que, juntamente com a língua portuguesa passou a ser a língua franca em Batávia (atual Jacarta), capital da antiga Holanda Oriental, bem como nos arredores.
Ainda no século XVII, após o fim do império colonial português no Sudeste Asiático, chegaram àquela zona comerciantes, artesãos e aventureiros oriundos de Malaca, Ceilão, Cochim e Calecute. O cruzamento entre os dois grupos fez nascer os chamados “Portugueses Negros”, que tinham em comum a língua portuguesa e a religião cristã.
Dos casamentos com mulheres portuguesas, os holandeses viram-se forçados a ter que aprender o chamado português corrupto, tanto para a vida doméstica como na comunicação com os povos locais.
Ainda durante muito tempo o português não corrupto foi a língua franca na Indonésia e na costa oriental indiana e utilizado como língua litúrgica, sendo até ensinado nas escolas. 

De 1670 a 1978 (mais de três séculos) a Comunidade de Tugu manteve a sua língua até à morte do seu último falante fluente, Joseph Quiko. Hoje a linguagem sobrevive apenas nas letras das músicas antigas do gênero Keroncong Moresco (Keroncong Tugu
). 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

-"Indonésia": Comunidade de Luso-Descendentes de Lamno"


Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar à Indonésia, no início do século XVI e, apesar de terem-se estabelecido sobretudo na região oriental do país, alimentaram o sonho de controlar o comércio da pimenta desde a zona estratégica do Norte da Samatra até ao mercado chinês.

Criança de Lamno, Indonésia

Os portugueses da província indonésia de Aceh, conhecidos localmente como “olhos azuis”, estão em risco de se extinguirem desde que o tsunami de 2004 reduziu a comunidade de centenas de pessoas a menos de uma dezena. Antes do tsunami, a comunidade teria talvez cerca de 500 pessoas, enquanto que agora é difícil apontar um número, porque a região conta com descendentes de outros europeus e árabes.

sábado, 18 de agosto de 2018

"Kristang": a Comunidade de Luso-Descendentes de Malaca"


Os portugueses chegaram há quinhentos anos a Malaca. A diáspora lusitana subsiste, com inusitado fulgor e entusiasmo, num pequeno bairro piscatório malaio, onde se luta pela manutenção da cultura portuguesa. Hoje e sempre. Em Malaca (Melaka, i.e., “O Estado Histórico”), o terceiro mais pequeno Estado da Malásia, existe um povo conhecido por Kristang (“cristão”), que descende dos portugueses e que sobrevive desde o século XVI como uma pequena comunidade.



A comunidade luso-descendente não abdicou da identidade cultural. Meio milénio após a chegada lusa e 370 anos após a sua partida, todos continuam a afirmar-se, orgulhosamente, portugueses. A cultura popular portuguesa transmite-se de pais para filhos, por via oral.  Contam-se histórias, ensinam-se costumes e tradições, transmite-se «o portugis antigo», que falavam os primeiros colonos, corrompido por séculos de transmissão oral sem um único registo escrito ou resquício de ensino oficial.

Da presença portuguesa restam, ainda hoje, além da Comunidade Kristang, a Porta de São Tiago (entrada principal da Praça-Forte a que chamaram "A Famosa")



 e uma réplica de uma nau portuguesa onde está instalado um museu. 




sexta-feira, 10 de agosto de 2018

-“Burghers”: Comunidade de Luso-Descendentes do Sri Lanka (ex-Ceilão, ex-Taprobana)

Burgher é o nome pelo qual são conhecidos os descendentes de portugueses e holandeses no Sri Lanka. Os Burghers Portugueses são um grupo étnico do Sri Lanka descendentes de cingaleses e portugueses, católicos e falantes do indo-português do Ceilão, uma linguagem crioula de origem portuguesa. Os Burghers portugueses são maioritariamente descendentes de mestiços de origem portuguesa e cingalesa, geralmente pai português e mãe cingalesa ou mãe descendente de portugueses com pai cingalês. A sua origem remonta à chegada dos portugueses, após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, em 1505.

Burghers

Quando os holandeses tomaram as costas do Sri Lanka em 1656, antigo Ceilão Português, os descendentes dos portugueses refugiaram-se nas montanhas centrais do reino Kandyan, sob domínio cingalês. Com o tempo descendentes de portugueses e holandeses casaram entre si. Embora a língua portuguesa tivesse sido banida sob o domínio holandês, estava tão difundida como língua franca do índico que até os holandeses a falavam. No Censo de 1981 os Burghers (holandeses e portugueses) contavam cerca de 40.000 (0,3% da população total do Sri Lanka). Numerosos apelidos de origem portuguesa permanecem até hoje, como Pereira, Abreu, Salgado, Fonseca, Fernando, Rodrigo e Silva que se tornaram parte da cultura do Sri Lanka.

Da colonização portuguesa à independência

Os primeiros europeus a visitarem o Sri Lanka foram os portugueses: Dom Lourenço de Almeida chegou à ilha em 1505 e encontrou-a dividida em sete reinos que guerreavam entre si e que seriam incapazes de derrotar um invasor. Os portugueses ocuparam, primeiro, a cidade de Kotte, mas, devido à insegurança do local, fundaram a cidade de Colombo em 1517 e, gradualmente, estenderam seu controle pelas áreas costeiras.
Muitos cingaleses converteram-se ao cristianismo porém, em 1602, quando o capitão holandês Joris Spilberg chegou à ilha, o rei de Kandy, de religião budista, pediu-lhe auxílio. Em 1638, os holandeses atacaram pela primeira vez e só em 1656 é que Colombo foi tomada. Por volta de 1660, os holandeses controlavam toda a ilha, exceto o reino de Kandy.
Durante as guerras Napoleônicas, o Reino Unido, temendo que o controle da França sobre os Países Baixos fizesse com que o Sri Lanka passasse ao controle francês, ocuparam a ilha. Em 1802, a ilha foi, formalmente, cedida à Grã-Bretanha. Em 1815, Kandy foi ocupada, pondo fim à independência do reino do Sri Lanka. Um tratado em 1818 preservou a monarquia de Kandy, porém como dependência britânica.
Os britânicos, seguindo sua prática comum de "dividir para governar", favoreciam ora um grupo, ora outro, para fomentar a rivalidade. Também favoreceram os burghers e também alguns cingaleses de castas mais altas, fomentando divisões e inimizades que sobrevivem desde então. Os burghers receberam um certo grau de autogoverno no início de 1833. O sufrágio universal só foi introduzido em 1931.
O Sri Lanka tornou-se independente em 4 de fevereiro de 1948, mediante a realização de tratados militares com a Grã-Bretanha. Permaneceram intactas as bases aéreas e navais britânicas instaladas no país.



terça-feira, 7 de agosto de 2018

-"Bayingyis": Comunidade de Luso-Descendentes de Myanmar (ex-Birmânia)


Bayingyis (Myanmar, antiga Birmânia)
A hegemonia portuguesa no Índico e no Pacífico durou perto de um século e seria profundamente abalada com a chegada dos holandeses àqueles mares.
Com a substituição da dominação portuguesa pela holandesa – permanecendo nas terras que as viram nascer; deportados para outras paragens; ou forçados à emigração – as cristandades mestiças euro-asiáticas do Oriente talharam a identidade colectiva de cada uma que perdurou até aos nossos dias e que assenta em dois pilares principais: a religião católica e a língua crioula.

Entre essas comunidades destaca-se a dos descendentes dos muitos soldados portugueses que na época de Seiscentos lutaram ao lado dos soberanos de Ava e do Pegu, reinos da antiga Birmânia, ou que faziam parte do pequeno exército de Filipe de Brito, ou do seu companheiro de armas Salvador Ribeiro de Sousa, senhores feudais em terras do Oriente, ambos empossados com o título de ‘rei do Pegu’, e que são hoje conhecidos em Myanmar (ex-Birmânia) como os ‘bayingyis’.

Tendo conseguido a unificação do país, o rei Alaungpaya expandiu o seu poderio para oeste, entrando em conflito com os interesses britânicos. Após três guerras (1824, 1826 e 1885) todo o território ficou submetido ao controle britânico. Durante a II guerra mundial o país foi ocupado pelos japoneses e após a libertação teve a sua independência proclamada em 4 de janeiro de 1948.



sexta-feira, 3 de agosto de 2018

-" Índia: comunidade de luso-descendentes de Korlai"


Korlai é uma aldeia que fica perto das ruínas da antiga cidade fortaleza de Chaul construída pelos portugueses no séc. XVI, em 1534. Chaul foi uma das cidades mais importantes e estratégias do Império Português do Oriente, de tal forma que era uma cidade bem apetecida para os adversários dos portugueses. Os portugueses começaram a frequentar aquelas águas a partir de 1501, com o apoio do potentado local que se fizera vassalo do rei de Portugal para se livrar da influência do Samorim de Calecut..

korlai


A povoação conta com cerca de 900 falantes no entanto encontra-se ainda por estudar, pois ainda não há nenhum estudo sobre a língua ou sobre os costumes deste povo. A descendência de Korlai resulta da presença de soldados Portugueses que se casaram com as nativas, bem como um pequeno grupo de mulheres de Goa que se casaram com portugueses. Os seus costumes e tradições indicam essa origem e incluem a religião cristã, a celebração de diversas festividades e até músicas populares.