Países dos leitores

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

-"A Guiné Equatorial e a Língua Portuguesa "

A Assembleia Nacional da Guiné Equatorial já aprovou, por maioria, o português como terceira língua oficial do país e, pela importância que tem a sua presença na CPLP, convém que a conheçamos melhor !





Língua e Português Medieval na ilha de Ano Bom

O idioma oficial da ilha é o
 castelhano, assim como em toda Guiné Equatorial. Ainda assim, o castelhano é a segunda língua da população da ilha, sendo usado na indústria do turismo e ensinado às crianças para esse fim. O idioma usado de facto é o Fá d’Ambô um idioma derivado do português e do crioulo antigos. O Fá d'Ambô é um patrimônio cultural imaterial lusófono de valor inestimável, uma vez que preserva as características originais da língua-mãe. Devido ao isolamento geográfico e a não influência dos meios de comunicação, tais como jornais, TVs e rádios, estima-se que a população anobonense fale como falavam os primeiros habitantes da ilha, seus antepassados medievais. 


Ilha Fernão do Pó (Bioko)


Fernando Pó (século XV) foi o navegador e explorador português que descobriu, em 1472, as ilhas do Golfo da Guiné, entre as quais a ilha que foi batizada com o seu nome e que, atualmente, se designa por ilha de Bioko e faz parte da Guiné Equatorial.. Ele também descobriu a foz do rio Wouri a que chamou "Rio dos Camarões" que depois deu o nome ao actual estado africano dos Camarões.
A ilha foi possessão portuguesa entre 1474 e 1778, quando foi cedida a Espanha pelo Tratado de “El Pardo” em troca de terras ocupadas pelos espanhóis na América do Sul que seriam posteriormente anexadas ao Brasil (faixas de terras do atual Rio Grande do Sul).

Ilha de Ano Bom
A ilha foi descoberta por exploradores portugueses (sob comando de Fernão do Pó) a caminho das Índias, em 1º de janeiro de 1473, daí o nome Ano Bom. Era uma ilha desabitada até o início da colonização em 1474, com africanos de Angola.
Em 1778, o seu domínio foi transferido para a Espanha, juntamente com o domínio da ilha de Fernando Pó (atual Bioko) e toda a costa da Guiné, em troca de territórios espanhóis no novo mundo. Enquanto a Espanha visava ampliar seu território em solo africano, Portugal desejava ampliar o seu domínio nas ricas terras de “Novo Portugal” (atual Brasil). A colônia formada pela Espanha foi posteriormente chamada de Guiné Espanhola.
A
 população opôs-se ao novo governo espanhol. Os nativos revoltaram-se contra seus novos comandantes e instalou-se uma anarquia. Posteriormente, em comum acordo, a ilha passou a ser administrada por um bureau com cinco nativos, no cargo de governador. Até o fim do século XIX a autoridade espanhola terminou restabelecida e a ilha tornou-se parte da Colônia de Elobey, Annobon, e Corisco. Em 1909 a guiné continental e todas as ilhas passaram a formar os Territorios Españoles del Golfo de Guinea ou Guinea Española.
Pigalu ou Pagalu (em português, papagaio).


Em 1968, a Guiné Espanhola emancipou-se de Espanha, formando o Estado da Guiné Equatorial. Durante o governo de Francisco Macias Nguema a ilha passou a ser chamada Pigalu. O isolamento geográfico da ilha (muito distante do continente ao qual pertence) e a proximidade de São Tomé e Príncipe (que está a menos da metade da distância até a capital) foram fatores determinantes para a preservação dos laços culturais com Portugal

sábado, 1 de fevereiro de 2014

" Fortaleza de Cochim (Índia): " Um Pequeno Portugal "


                     Paço Episcopal da Fortaleza de Cochim, onde são ministradas as aulas de português. (Foto: The Hindu)

Uma vez no passado, a Fortaleza de Cochim foi um “pequeno Portugal”. Vestígios de sua vida e cultura são ainda evidentes na arquitetura, nos nomes de famílias, nas receitas dos pratos e até no dialeto local.
O padre Marian Arackal, diretor do IPVG, explica detalhadamente a importância de se manter esse curso. “Cochim tem uma relação histórica com Portugal. Esta diocese foi fundada sob o sistema do padroado. No século XV, Roma não era uma potência mundial, mas Espanha e Portugal eram. Eles dominaram os mares, e o Papa concedeu poderes especiais aos reis dos dois países para evangelizar e propagar a fé. A primeira diocese portuguesa foi estabelecida em Goa, seguida por Cochim em 1557. Desde então até 1950, a Diocese de Cochim teve bispos portugueses. Temos um rico acervo de documentos que data desde aquelas épocas. As aulas foram iniciadas pelo segundo bispo indiano de Cochim, Joseph Kurithara, para a preservação de um legado do qual temos orgulho de fazer parte.”
Adrian Hubert D’Cruz, de 72 anos, também tem orgulho imenso de sua ascendência portuguesa. Comandante naval aposentado, ele é um dos estudantes de mais idade na classe. “Na geração anterior da minha família, falavam um pouco de português, mas infelizmente na minha geração nenhum de nós fala a Língua”, lamenta.Ele se recorda de seus pais falarem em português quando desejavam falar algo “em confidência”. Ele se lembra de algumas canções e orações. O mesmo faz Francis Xavier Gomes, de 86 anos, que não é estudante da classe, mas tem ancestralidade portuguesa. Ele se lembra de que seus pais “repetiam o português de memória”, mas lamenta o facto de que usavam a Língua apenas como um “código secreto entre eles”.Adrian recorda-se de que uma linguista norte-americana, Isabella, veio alguns anos atrás e entrevistou seu tio, Louis D’Cruz. Ela registou a conversa entre eles, mas no ano seguinte, depois de mais pesquisas, ela retornou com um veredicto de que essa forma de português – o português de Cochim – estava extinta na Fortaleza de Cochim. “Ela não evoluiu de todo, e as palavras usadas eram obsoletas. Surpreendentemente, a mesma forma de português é usada em Malaca [na Malásia], que foi também uma colónia portuguesa”, diz Adrian.Adrian acha a gramática “trabalhosa”. Ao atravessar o canal, no Forte de Vaipim residem muitas famílias que traçam sua ancestralidade a Portugal. “De facto, há uma festa religiosa de 400 anos, na Igreja de Nossa Senhora da Esperança, em que as orações são recitadas em português”, diz Adrian.
Distante da nostalgia e da história está Anthony Nilton, de 18 anos, que acabou de completar a sua aula número 12. Ele está “curioso” sobre uma língua que ele espera que vai fazer brilhar as perspectivas de sua carreira. O seu resumo simples sobre esse aprendizado recente é que “não é fácil nem é difícil”.
Para John Thomas, ex-tripulante naval, o curso vai ajudá-lo em seu trabalho em linha na Internet para uma empresa brasileira. Ele também se interessa por turismo, onde a Língua será de ajuda imensa.
Dhanya George percorre todo o caminho vinda da cidade de Pala para comparecer às aulas. Ela soube do curso pela Internet e está “extremamente surpresa e animada” por tal curso estar disponível. Dhanya estava a aguardar por este curso da Língua, pois ela está a caminho do Brasil para trabalho. O padre Marian diz que o curso também encontrou frequentadores entre os turistas, que permanecem aqui para uma estada longa.
Os três meses do curso da fundação no Paço Episcopal compreendem noções básicas de aprendizado da gramática e habilidades de conversação.
Os estudantes aparecem com informações interessantes sobre a Língua, as origens e as raízes. “Há muitas palavras que são comuns entre o português e o malaiala, como alamari (armário), veranda(varanda), kasera (cadeira), janala (janela) etc.”, diz o padre Marian.
“Os estudantes são sinceros”, diz a irmã Carmo, que veio da Ilha da Madeira, em Portugal. Ela constatou que os indianos aprendem rapidamente a pronúncia, embora seja difícil. “Ensinar uma língua sempre é um desafio”, acrescenta e, bem para o deleite do grupo, traduz o nome de uma estudante, a irmã Anju, para o português: “Significa ‘anjo’”.
(Tradução de Ronaldo Santos Soares.)

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PRIYADERSHINI S.
 Olá, Portuguese!
Do jornal
 The Hindu (diário indiano de língua inglesa)
– seção
 Life & Style, subseção Metroplus.
Chenai, Índia.
Publicado em: 13 jun. 2012