Países dos leitores

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

-" Memorial da Escravatura"

É surpreendente a ignorância demonstrada pelos promotores de tal iniciativa.
A pretensão é aceitável mas o objetivo é reprovável.
Pretender erguer um memorial à escravatura é a todos os títulos louvável para recordar um dos mais horríveis hábitos da humanidade.

 Escravos sendo leiloados (pintura de Jean-Léon Gérôme)

Pretender erguer o memorial lembrando os africanos com sentido acusatório visando os portugueses como se fossem os criadores de tal desumanidade é, simplesmente, um ato de pura ignorância.
Querer limitar a escravatura às vitimas africanas é, se não demagogia, um arrogante ato de incapacidade. É a incapacidade de reconhecer a amplitude do fenómeno esquecendo os seus aspetos essenciais:
- A escravatura pratica-se desde que o homem começou a guerrear e a fazer prisioneiros.
- Durante séculos os norte-africanos fizeram razias nas costas portuguesa, espanhola e restantes da bacia do Mediterrâneo, com intenção de abastecer os mercados de escravos.
- O império otomano fazia razias na Europa raptando mulheres e crianças.
                                            Comerciante de Meca com seu escravo branco


- Os africanos da África Central e Meridional eram grandes fornecedores dos mercados muçulmanos de escravos, para onde vendiam os prisioneiros que faziam nas suas guerras e como forma de se livrarem de rivais e adversários.
- Na África Central e Meridional a maioria dos escravos eram vendidos a africanos, muçulmanos, portugueses, ingleses, franceses e holandeses por outros africanos
- Atualmente, apesar de a escravidão ter sido abolida em quase todo o mundo, ela ainda continua existindo de forma legal no Sudão e de forma ilegal em muitos países, sobretudo na África e em algumas regiões da Ásia.

Perante este quadro pergunta.se: a que grupo de escravos vai ser o memorial dedicado ? Aos escravos negros ou aos escravos brancos ?

Se o ressentimento fruto da ignorância for vencido então teremos um memorial onde todos se podem rever.                         

 

sábado, 14 de dezembro de 2019

"O CALVÁRIO DE UMAS "JEANS"



A TV France 2 emitiu há algum tempo um programa acerca do fabrico das calças Jeans que pode parecer um pouco exagerado mas que, considerando a origem será de aceitar como bom.
(Tradução e adaptação do editor deste blogue)



FOTOGRAFIA (VÍDEO NO FINAL DO TEXTO)



"Fabricam-se, anualmente, 2,3 biliões de Jeans em todo o planeta. Muitas delas terão percorrido dezenas de milhares de quilómetros até chegarem às prateleiras das lojas de pronto-a-vestir.
Proponho-vos que sigamos o trajeto de uma dessas peças. É o itinerário mais longo.
A nossa viagem vai começar em Ludhiana,na Índia.
E porquê na Índia?... Simplesmente por que para fazer umas Jeans precisamos de algodão, do qual a Índia é o principal produtor mundial com 6,35 milhões de toneladas por ano.
Na transformação deste algodão consomem-se  4.000 litros de água.
Depois, o algodão é enviado para o vizinho Pakistão para ser fiado e tecido e posteriormente enviado para Xintang (a capital das jeans) na China, a 4.800 km para Oriente, onde 3.000 oficinas irão produzir, diariamente, cerca de 800.000 jeans.
É lá que o tecido recebe a cor azul indigo através de um pigmento sintético. Para fabricar 1 kg deste pigmento é necessário o consumo de uma centena de quilos de petróleo e 1.000 litros de água .
Em seguida, as Jeans são enviadas para a Tunísia onde se acrscentan pequenos pormenores, como molas (que, em geral, vêm da  Austrália) e fechos-de-correr vindos, principalmente, do Japão. Os botões são importados do Congo.
Se pensa que a viagem terminou, está enganado !...
As Jeans vão agora ser desbotadas e enviadas para o Bangladesh ou para o Egito
onde serão sujeitas a areamento, uma operação muito noçiva.
A viagem das Jeans terminou; só resta coloca-las nas prateleiras das lojas.
Até serem posta à venda estas Jeans já consumiram cerca de 11.000 litros de água e percorreu 65.000 quilómetros ou seja o equivalente a 1,5 voltas à Terra.
Ninguém diria que este tecido foi inventado na cidade francesa de Nimes, de onde recebeu a designação "denime" (de Nimes)". 



segunda-feira, 25 de novembro de 2019

- "Berlim 1945: para que a Europa não esqueça"

A II Guerra Mundial (1939-1945) provocou a morte de 65 a 85 milhões de pessoas das quais cerca de
45 milhões eram civis.






sexta-feira, 1 de novembro de 2019

- "As origens do Haloween"


O "Halloween" resultou do aproveitamento pelo cristianismo de uma tradição celta transformando-a em "Dia de Todos os Santos" (em inglês, "All Hallows Day"). A noite anterior, que era quando começava a festa, era a "All Hallows Evening do que resultou "All Hallows Even" e finalmente "Halloween".
Os vídeos que se seguem, com a qualidade do Canal História, revelam com mais profundidade as origens do "Halloween".

1ª parte


2ªparte
e


domingo, 23 de junho de 2019

-"Um cavaleiro africano na capital do Império""




Este cavaleiro pode ser visto numa pintura que retrata o movimento à volta do “Fontanário do Rei”, em Lisboa, no ano de 1575. O vídeo que se segue, da autoria da BBC, analisa o quadro com interessantes comentários que traduzi e adaptei.

Esta pintura poderia relançar a discussão sobre o que foi a escravatura se houvesse pess
oas desapaixonadas, isentas e descomprometidas com vontade de esclarecer esse fenómeno.

A tradução do texto que aparece no vídeo é a seguinte:“Esta pintura é um instantâneo de um mundo que já esquecemos. Ela retrata o momento em que o equilibrio do poder militar e económico significava que europeus e africanos se encontravam em termos de relativa igualdade.
Pensa-se que o artista que produziu esta obra (cujo nome se perdeu) era holandês mas o que retrata não é Delft ou Amestardão mas Lisboa do séc.XVI no ponto mais alto do império global português.
A pintura retrata o Fontanário do Rei e o que nela mais se destaca são as pessoas que lá se encontram.
Lisboa nesta pintura parece uma capital do séc.XXI, porque espalhando-se o império português por todo o mundo era natural que povos desse Império viessem a Lisboa. Parece incrível mas 1 em cada 10 habitantes de Lisboa era africano.
Os africanos nesta pintura aparecem em vários níveis sociais. Há os aguadeiros e também escravos tanto negros como brancos.
Vê-se um individuo a ser preso, vêem-se os barqueiros que ajudavam a atravessar o rio, mas há figuras como este cavaleiro de raça negra, membro da Ordem de Santiago, a cavalo com a sua espada, com a sua capa e adornos da época.
É um retrato de um mundo que já esquecemos: Lisboa como centro de u
m império global; Lisboa como centro da primeira era da globalização.”

domingo, 28 de abril de 2019

-"As Pedras Que Andam"

Pesquisadores americanos conseguiram resolver um mistério científico que já durava há décadas:
 as "pedras que andam" no Vale da Morte, no deserto de Mojave, na Califórnia


Algumas destas pedras chegam a pesar 300kg. Elas ficam em um lago seco, plano e rodeado por montanhas. Em algumas épocas do ano, este lago se enche com água da chuva, que evapora rapidamente.
Estas pedras movem-se, deixando um rastro na terra por dezenas de metros. Mas, desde que elas começaram a ser estudadas por cientistas, nos anos 1940, ninguém as havia visto mover-se.
Isso fez com que surgissem várias teorias para o fenómeno, algumas delas bastante exóticas, atribuindo seu movimento a campos de energia poderosos, ao magnetismo da Terra e até mesmo a extraterrestres.
Até que finalmente, em dezembro passado, o pesquisador Richard Norris, da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, e seu primo James Norris puderam presenciar e captar em imagens o fenómeno (ver vídeo).
Eles explicaram em um estudo publicado nesta semana na revista PLOS ONE que tudo começa quando a chuva produz uma capa de água sobre o terreno seco, criando um lago superficial.
Durante a noite, essa água congela, formando uma capa de gelo de cerca de três a seis milímetros na qual ficam presas as bases das rochas.
Quando o sol nasce, o gelo começa a quebrar, criando placas de vários metros de largura que se deslocam com o vento.
Assim, as pedras se movem sobre o barro, impulsionadas pelas placas de gelo, a uma velocidade de dois a cinco metros por minuto, formando os famosos sulcos na terra.
As trajetórias dependem da velocidade e da direção do vento e da água que se encontra abaixo do gelo.
Segundo Richard, o fenómeno não é frequente porque quase não chove no Vale da Morte, e as temperaturas médias são elevadas.






domingo, 17 de março de 2019

-"Pedras Parideiras"

A Serra da Freita, no concelho de Arouca, no norte de Portugal, é cenário de um dos mais interessantes e raros fenómenos geológicos. É nesse cenário idílico que se encontram as chamadas "Pedras Parideiras".

No estudo que fiz, cheguei à conclusão que o texto da Wikipédio sobre o tema é o de melhor qualidade, pelo que vou passar a transcrevê-lo.
 "Pedras Parideiras são um fenómeno geológico raro, um tipo de pedras que brotam de uma rocha-mãe, um bloco nodular de origem granítica com 1000 x 600 m, daí se chamarem Parideiras. Os nódulos de 1 a 12 cm de diâmetro com formas discóides e biconvexas são compostos pelos mesmos elementos mineralógica do granito, a camada externa é composta por biotite e a interna possui um núcleo de quartzo e feldspato potássico. Estes nódulos ao se desincrustarem dos núcleos da rocha-mãe por termoclastia/crioclastia deixam uma camada externa em baixo relevo nos núcleos da rocha-mãe e espalham-se à volta desta.
As Pedras Parideiras simbolizam a fertilidade na tradição ancestral da região, esta tradição está ainda presente nas populações locais. Acredita-se que dormir com uma pedra parideira debaixo da almofada aumenta a fertilidade.

As Pedras Parideiras estão situadas na Serra da Freita em Portugal e na Rússia , perto de S. Petersburgo.
São um fenómeno raro no Planeta Terra, este sendo o motivo para que se pede aos visitantes destes locais que não recolham pedras para uso pessoal.
A afirmação da existência de Pedras Parideiras noutras latitudes não é comprovada.!"

Para esclarecimento dos leitores falta dizer o que é a termoclastia. 

Termoclastia é o processo de fraturamento ou quebramento de rochas cristalinas e compactas em consequência de variações térmicas na superfície da rocha fresca ao ser exposta, alternadamente, às altas temperaturas da insolação de dia e às baixas temperaturas noturnas.

domingo, 3 de março de 2019

-"A fronteira na Irlanda e a falta de originalidade do Brexit"

FOTO

Creio não haver dúvida de que as gerações anteriores resolveram os problemas com as fronteiras de uma forma muito mais original  do que a que se está a tentar seguir com o Brexit. De certa forma até é compreensível que os ingleses não consigam aceitar uma solução que não seja baseada na força, como a história nos demonstra.
Por todo o mundo  existem enclaves, exclaves e fronteiras que são modelos de originalidade, como se pode ver no vídeo que se segue.




quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

-" Como evitar a falência da Segurança Social"

Rendimento Básico Incondicional ou Contribuição para a Segurança Social ?
Qual destas duas soluções será a ideal para evitar uma situação catastrófica provocada pela robotização ? (Ver https://rosadosventosan.blogspot.com/2019/01/robotizacao-e-as-pensoes-de-reforma.html#links

Manter a contribuição para a Segurança Social no valor igual ao que correspondia aos trabalhadores substituidos pelos robôs será uma solução. Muitos empresários não irão gostar da ideia mas se forem capazes de ver a médio prazo chegarão à conclusão que o retorno do investimento os irá compensar. Desse modo puderá garantir-se a continuidade dos subsídios de desemprego evitando-se, a curto prazo, uma tragédia social. Mas, mais tarde ou mais cedo, os problemas surgirão devido à curta duração dos subsídios.


Portanto, resta-nos como única solução a longo prazo a introdução do Rendimento Básico Incondicional (ver https://rosadosventosan.blogspot.com/search?q=Rendimento+B%C3%A1sico+Incondicional


O Rendimento Básico Incondicional é um rendimento mensal para todos, independentemente das suas necessidades e sem quaisquer contrapartidas. Substituirá a maior parte dos subsídios e permitirá que todos possam viver com dignidade.
Na Finlândia e no Canadá já estão a decorrer projetos-piloto estatais; na Suiça o projecto foi discutido no Parlamento mas não foi aceite por não haver condições; na Alemanha e noutros países o assunto tem sido limitado a debates e algumas iniciativas privadas. Apesar disso, são boas notícias para os defensores do Rendimento Básico Incondicional, nos quais me incluo. 

Os críticos do projecto duvidam das possibilidades de financiamento e receiam o efeito que ele possa ter na sociedade. 
Os apoiantes, incluindo alguns empresários entre os quais os presidentes da Mercedes-Benz e da Siemens, consideram ser uma medida inevitável face à galopante digitalização e à consequente perda de lugares de trabalho e de rendimentos.   



sábado, 26 de janeiro de 2019

-" A robotização e as pensões de reforma"


Foto

Há alguns dias foi publicado um estudo no qual se afirmava que a robotização iria acabar com 1,1 milhões de lugares de trabalho nos próximos 10 anos. É, sem dúvida, uma questão preocupante, principalmente, no que toca à sustentabilidade da nossa Segurança Social.
Não creio que isso aconteça em tão pouco tempo mas não tenho dúvidas de que é inevitável; e mesmo que tivesse, o fascinante cenário do vídeo que se segue dissipá-las-ia.

Vídeo

É evidente que pondo um robô a susbtituir um ou mais trabalhadores os encargos que a Segurança Social terá de suportar irão aumentar, enquanto o valor das Contribuições irá diminuir. Ora, aumentando, neste caso, os subsídios de desemprego e diminuindo as contribuições é lógico que a pressão sobre a S.S. irá aumentar e quando entrar em défice será o "canto do cisne".
Numa inquérito feito há dias, no meio universitário, a maioria dos estudantes não acreditava que fosse ter reforma.
Perante um cenário destes que medidas se irão tomar ? 
Ficaremos nas lamentações ou vai surgir alguèm que tenha a coragem de propor uma solução ?

sábado, 5 de janeiro de 2019

-" A nova religião ! ? ..."


Autor: Pedro Norton   








Fui convidado recentemente pelo meu Pai - o criador e detentor deste blogue - a interpretar o uso do telemóvel, pelas pessoas em geral, como sendo uma nova religião.
Na altura não compreendi de imediato o que é que isto poderia significar, nem tão pouco a dimensão desta perspectiva. Cheguei inclusive a considerar, primeiramente, que seriam de grande número os que desejariam dispor de uma inversão daquilo que são as escolhas comuns de hoje em dia: todas aquelas que os outros rejeitam ou então simplesmente esquecem ter. Como ter amigos e não estar com eles, poder ajudar alguém e simplesmente não querer fazê-lo e, especialmente, ter à disposição, uma vida social recheada de experiências sensoriais biológicas e optar pelas diferentes alternativas virtuais. 
Todas estas possibilidades apenas dizem ao nosso ego que podemos escolher. Passar os dias alimentando um estômago psíquico e uma fome insaciável de seguranças e convicções, sem razão de ser, como se de gula se tratasse. Só as ter. Só as sentir. Mas deveríamos fazer mais? Há 40 mil anos, bastava-nos isso para sermos felizes. No meio de predadores, risco de fome e tantos outros perigos conflituosos com a nossa sobrevivência, que mais poderíamos querer? Quando a medicina interrompeu a selecção natural do ser humano, a nossa espécie pouco mudou, existindo hoje em dia uma satisfação pela colmatação daquelas mesmas necessidades. Estamos socialmente seguros se tivermos o poder de rejeitar: basta-nos saber que há escolha. Estamos satisfeitos pela noção de sermos capazes de criar uma realidade melhor para quem está perto de nós, as outras tribos, os outros grupos, a nossa própria família, mas não necessitamos de o fazer. Nada disto era uma garantia nos nossos primórdios - estávamos todos em risco e só queríamos segurança e hoje ela não se mede pela quantidade de lanças que temos disponíveis ou pelo número de predadores existentes, mas sim pelos "likes" nas nossas fotos, actividades e alcance social virtual. Todos os nossos impulsos básicos biológicos e psicológicos foram transferidos de um mundo austero, perigoso, violento e selvagem para o único em que se tornou mais fácil este tipo de alimentação: o digital. 
Efectivamente a sugestão do meu Pai teve toda a lógica, sendo indiscutível que a fé e a prática religiosa foram os primeiros meios virtuais de satisfação egocêntrica e agora existem outros perfeitamente equiparáveis. A propagação da palavra dos profetas conseguiu uma alienação, na sua maioria inabalável, do cérebro dos fiéis seguidores - processo que envolve, obviamente, neurotransmissores e fenómenos neuroquímicos. Mas quando as religiões estavam a dar os seus primeiros passos, a palavra neurociência estava longe de ser inventada. Hoje a religião do telemóvel tem uma tremenda vantagem, pois consegue saber com exactidão que tipo de "Boa Nova" (novas aplicações) estimularão uma maior produção de dopamina no cérebro, o neurotransmissor responsável pela dependência, vício e prazer. Existem em construção projectos que constituem um autêntico "hackeamento" do cérebro, pelo design de um vício propositado, desenvolvido por neurocientistas. E outros que pretendem a criação de uma rede global de consciência onde possamos vir a estar todos em sintonia e partilha constante de pensamentos - imagino se a palavra privacidade existirá daqui a 20 anos. Felizmente alguns influentes também se encontram a investir em mecanismos digitais que se relacionam com o cérebro, em projectos sem fins lucrativos, com o único objectivo de evitar este "hacking" e proteger a dignidade humana, dotando-a na mesma de um acesso tecnológico que acompanhe os sinais do tempo.
Darei a conhecer todas estas iniciativas num próximo texto e recomendo reflexão sobre que tipo de relação, estabelecem na realidade, os leitores deste blog com o seu telemóvel. 

Contacto: neuroinvestigacao@gmail.com