Países dos leitores

Países dos leitores

quarta-feira, 16 de junho de 2010

-" A redenção de António Barreto "

Fiquei agradavelmente surpreendido ao ler o artigo de António Barreto que a seguir transcrevo. É com satisfação que verifico que a posição pouco esclarecida e irresponsavel que ele, durante anos, teve em relação à descolonização, está agora a passar por um processo de esclarecimento e de redenção. Só que eu acredito muito pouco em coincidências e não posso deixar de considerar estranho que só agora António Barreto tenha tido conhecimento do livro ( editado em 2007 ) a que se refere e, coisa curiosa, só em Abril deste ano se lembrou de reclamar o julgamento de Rosa Coutinho e quejandos. Infelizmente, o "almirante vermelho" já não pode ser julgado na Terra e espero que as penas do inferno nunca lhe sejam leves.
Mas, António Barreto pode ainda fazer muito por esta causa ! ... Pode, por exemplo, reforçar tudo o que afirmou no seu discurso no Dia de Portugal ! ...
É que, entre os vivos, ainda há muitos responsáveis pela criminosa descolonização ! ...
O livro que Leonor Figueiredo escreveu com o título de "Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola", revela mais alguns nomes de responsáveis que duvido que António Barreto desconheça. Só espero que, neste caso, não demore, também, três anos até ter conhecimento do livro.






Portugal País de homens sem HONRA e sem Vergonha que nunca julgou Rosa Coutinho e outros seus iguais.

domingo, 13 de Abril de 2008
"Angola é nossa !"

Holocausto em Angola' não é um livro de história. É um testemunho. O seu autor viu tudo, soube de tudo.
Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: 'Memórias de entre o cárcere e o cemitério'. O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi.. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que 'já sabiam'. Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as execuções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam 'julgamentos populares', perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores.

A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República.
..........................................................................................................................................................................

(Ler o artigo completo e a carta do Alto-Comissário em Rosa-dos-Ventos Editor
«
http://rosadosventos2.blogspot.com » )


4 comentários:

  1. O António Barreto acordou tarde,mesmo assim,vale mais tarde que nunca.
    A descolonização é uma enorme nódoa,na história portuguesa.
    Obrigada.

    Fraterno abraço

    ResponderEliminar
  2. Eu é que agradeço o seu comentário,
    porque me vem trazer bastante alento para continuar a tentar despertar consciências para a obrigação, que todos temos, de levar a julgamento todos os criminosos que continuam por aí a passear impunemente. Há ocasiões em que julgo estar sozinho, tal é a indiferênça geral. Do cinismo dos políticos não me admiro porque ou têm o "rabo trilhado" ou depende de alguém que o tem.
    Comentários como o seu mostram-me que não estou só.
    Um fraterno abraço !

    ResponderEliminar
  3. Arnaldo, isso me deixa confusa.
    Sim, confusa.
    Não entrarei nos méritos colonizatórios porque meu país foi colonizado portanto...

    ResponderEliminar
  4. Creio que estás a fazer uma ligeira confusão. O que aconteceu no Brasil não foi uma colonização mas, sim, a criação duma Nação.
    Aquilo a que tu chamas colonização foi indispensável para a construção do Brasil. Se houve acontecimentos reprováveis foram originados tanto por portugueses como por brasileiros.Considera quantas gerações nasceran no Brasil em 300 anos !...
    Tu ficas confusa porque, certamente, não sabes bem o que se passou nos territórios de África mas terei muito gosto em esclarecer tudo o que desejares.
    Dentro de dias, publicarei um artigo da autoria duma angolana que te vai ajudar a compreender a questão.
    Entretanto, se quiseres podemos abordar o assunto por "mail".
    Um abraço !

    ResponderEliminar