Caro Senhor J.L.R.!
A mensagem que me enviou, bem como o texto do Snr. Marcos Bagno que a acompanhava e que já publiquei, foram lidos, por mim, com o maior interesse.
Embora a minha licenciatura não seja de Letras, fui, durante alguns anos, professor de português no estrangeiro o que me põe à vontade para rebater algumas afirmações que o referido Snr. Bagno produziu.
Para facilitar a comunicação, transcreverei os trechos com os quais não concordo seguidos do meu comentário.
“Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua”.
Concordo com esta afirmação e até mesmo já escrevi que “a comunicação social é a 5ª coluna da lusofonia”.
“Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.”
Considero esta afirmação tão descabida como as que foram feitas contra o novo Acordo Ortográfico. Se afirmações destas são produzidas por alguém responsável, como poderemos criticar as dos menos preparados ?
Essa do “português brasileiro” é sintomática de patriotismo serôdio que leva a situações ridículas, como as dos avisos de certas “impressoras” que quando programadas para «português de Portugal» informam que “a impressão começou” e quando programadas para «português do Brasil» dizem que “a impressão foi iniciada” !? … Isso, sim, são situações, no mínimo, patéticas !
“Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles — se julgarem pertinente, adequado e necessário — possam vir a usá-la TAMBÉM”.
Neste trecho o Snr. Bagno consegue ultrapassar-se! O que é que ele pretende ? Uma sociedade em camadas ? Que se guarde o «português correto» para quem tem posses para estudar e se deixe o «português brasileiro» para os favelados!?... É isto que ele pretende?
Que se faça o favor de ensinar o português correto “àquela gentinha” para que possa falar “certo” se julgar pertinente, adequado e necessário ?
Que se faça o favor de ensinar o português correto “àquela gentinha” para que possa falar “certo” se julgar pertinente, adequado e necessário ?
“O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme, que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados)”.
Depois desta frase o assunto muda de figura: deixa de ser uma questão de filosofia para passar a ser uma questão de conhecimento !
O verbo “assistir” obriga à preposição “a”, pelo que dizer «assisti o filme» está incorreto. Não é uma apreciação purista!
Usar o artigo no singular quando o substantivo está no plural, está incorreto, apesar dos 101% do Snr. Bagno. Além disso, posso aconselhar uma consulta ao Dicionário Enciclopédico Koogan-Laroussse, onde se pode ler que « Óculo » (substantivo, masculino, singular) é um instrumento que amplifica e «Óculos»(substantivo, masculino, plural) um par de lentes encaixadas numa armação preparada para ser colocada no nariz, diante dos olhos.
Meu caro Senhor J.L.R.! Como vê, o documento de que se socorreu é cientificamente irrelevante, tendencioso, socialmente tóxico, pernicioso para a Lusofonia e contrário aos objetivos de valorização mundial da língua portuguesa.
Usar o artigo no singular quando o substantivo está no plural, está incorreto, apesar dos 101% do Snr. Bagno. Além disso, posso aconselhar uma consulta ao Dicionário Enciclopédico Koogan-Laroussse, onde se pode ler que « Óculo » (substantivo, masculino, singular) é um instrumento que amplifica e «Óculos»(substantivo, masculino, plural) um par de lentes encaixadas numa armação preparada para ser colocada no nariz, diante dos olhos.
Meu caro Senhor J.L.R.! Como vê, o documento de que se socorreu é cientificamente irrelevante, tendencioso, socialmente tóxico, pernicioso para a Lusofonia e contrário aos objetivos de valorização mundial da língua portuguesa.
Obviamente, além de pretender uma sociedade em camadas, o Snr. Bagno pretende que, no Brasil, passe a falar-se um dialeto crioulo.
Envio-lhe os melhores cumprimentos.
Envio-lhe os melhores cumprimentos.