"Se eu escrever o nome Aniceto do Rosário, serão muito poucos aqueles que reconhecerão o nome de um Herói Português. Foi a 22 de Julho de 1954 que este, hoje praticamente desconhecido, se tornou herói, não por vontade própria, mas por sentido do dever, de acordo com o juramento que havia feito quando incorporou os quadros da Polícia.
Aniceto do Rosário integrava nessa data a guarniçãp policial do enclave de Dadrá, em Damão, nos antigos territórios Portugueses na Índia. Com a sublevação de forças nacionalistas da União Indiana o já em marcha, com o intuito de forçarem a rendição dos militares e forças de segurança portuguesas, nos territórios sob a Bandeira Nacional, o Sub-chefe da Polícia Aniceto do Rosário e os sete guardas que comandava, preparou a defesa do posto policial, não sem antes ter enviado ao Governador em exercício, que fora já impdedido de alcançar aquele enclave, a seguinte mensagem: “Parta V.ª Ex.ª descansado que eu não deixarei ficar mal a bandeira portuguesa!”. Depois de ter pedido aos seus homens que o deixassem sózinho, numa premonição de que o desfecho daquele confronto seria fatal, acabou por se manter a pé firme perante a turba que o rodeava, juntamente com mais dois elementos da guarnição. Acabou por ser assassinado, com tiros e à facada, defendendo com a própria vida a Bandeira Portuguesa!
Foi condecorado a título póstumo com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
Hoje, dia 22 de Julho, foi relembrado numa singela, mas significativa homenagem pela PSP, familiares, amigos, ex-alunos dos Pupilos do Exército contemporâneos do seu filho, António Francisco Teodorico do Rosário e do Presidente do Núcleo da Liga dos Combatentes do Pinhal Novo, com a leitura duma alocução feita pelo ex-colega de seu filho nos Pupilos do Exército, Professor Doutor Cândido de Azevedo, também ele natural da Índia Portuguesa e que de perto conheceu a família Rosário, ainda em criança. Para marcar o evento foram depostas duas coroas de flores, uma da família e outra do Comando da PSP, junto à placa toponímica da “Praça Aniceto do Rosário”, já existente há uns anos, na zona da Penha de França, em Lisboa.
Portugal, nos dias que correm, já se esqueceu de honrar e respeitar os seus heróis, pelo que se releva o sentido do dever e da memória da própria PSP e de todos quantos se quiseram juntar a esta justa homenagem. Portugal preocupa-se mais, hoje em dia, em celebrar heróis com pés de barro, vazios de ideais e sem espírito do bem público…"
Fonte: Ernani Balsa, 23 de julho, 2014, em Press Jornal; partilhado de Ganganeli Pereira e António Costa Silva FB.
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