- a ondulação do largo que chega à zona costeira, propaga-se mais rapidamente sobre a Fossa da Nazaré, (vulgarmente hoje chamada de "Canhão da Nazaré") onde a água é mais profunda, do que na plataforma continental adjacente, onde a água é relativamente pouco profunda.
Esta diferença na propagação da onda, dependendo da profundidade sobre a qual ela se move, modifica a orientação das linhas de cristas e cavas (diz-se que a onda é refratada pela topografia, tal como os raios de luz são refratados quando passam do ar para a água), criando zonas onde a onda converge. Esta convergência focaliza a energia da onda o que se traduz numa amplificação da onda.
Este processo parece ser particularmente eficaz na zona ao largo da Praia do Norte, durante os períodos de ondulação (swell) predominante de Noroeste ou de Oeste, e em algumas simulações efetuadas, recorrendo a modelos numéricos, sugeriram que uma onda ao largo com 10m de altura pode ser amplificada por este processo, atingindo cerca de 20m na área da Praia Norte.
O que torna a Nazaré especial é a orientação da sua Fossa Submarina e o modo como ela interseta a linha de costa permitindo que ela modifique as correntes que a própria ondulação cria junto à costa, fazendo com que em certos períodos se desenvolva uma corrente forte que se opõe às ondas.
Em poucas palavras, as fossas submarinos como a Fossa da Nazaré, modificam o modo como a ondulação se propaga, permitindo a existência de zonas na proximidade da fossa onde a onda converge e se amplifica.
Ao largo da Praia do Norte, este processo parece ser reforçado por correntes costeiras que se opõem às ondas e pela diminuição rápida do fundo que a onda sente ao passar da fossa para a plataforma próxima.
A Fossa da Nazaré é conhecido de há muito, e em tempos remotos considerada como um abismo insondável. O conhecimento científico deste canhão submarino, nomeadamente sobre as suas características gerais nas proximidades da costa, poder-se-á localizar no início do século XX, com um conjunto de levantamentos hidrográficos realizados pela Missão Hidrográfica (o precursor do atual Instituto Hidrográfico), posteriormente descritos por Ferreira de Andrade (1937).
O Canhão Submarino da Nazaré estende-se por cerca 170 km, desde profundidades abissais de 5000m até cerca de poucas centenas de metros da Praia da Nazaré, onde a parte terminal do canhão (chamada a cabeceira do canhão) chega a 150m de profundidade.
A parte do Canhão da Nazaré que corta a plataforma continental constitui um desfiladeiro submarino verdadeiramente impressionante, com uma largura máxima de cerca de 6 quilómetros e paredes que descem até aos 2000 metros de profundidade.
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