Países dos leitores

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A fantasia sobre o 1º de dezembro, dia da "INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL"

 A minha dúvida de se valeria a pena denunciar a mentira que rodeia o 1º de dezembro, "DIA DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL", foi dissipada ao receber, de um esclarecido amigo meu, o texto que Pulido Valente publicou a este respeito, em 2012, e que transcrevo a seguir. Neste sentido, irei aprofundar este tema em reflexões a publicar em breve.

«Convém lembrar que Portugal nunca esteve, como se costuma dizer em prosa patriótica, "sob o domínio de Castela" ou, se preferirem, "sob o domínio de Espanha". O arranjo de 1580 não passou de uma "união pessoal" da coroa portuguesa com a coroa de Castela (ou de Espanha) na pessoa de Filipe II, que era o herdeiro legítimo das duas. Como se vê, nada que nos separasse na Europa do Império Austríaco ou do Reino Unido da Inglaterra, Escócia e Gales. De resto, a ordem jurídica portuguesa não mudou, nem a organização da Igreja, nem a defesa do Império, nem a carga fiscal que anteriormente se pagava. Só quando o conde-duque de Olivares nos pediu mais dinheiro e um pequeno contigente de soldados para a guerra europeia, o espírito patriótico da nobreza indígena finalmente acordou e resolveu instalar D. João IV num trono contestável e periclitante. O "1.º de Dezembro" comemora a ascensão da dinastia de Bragança e não uma putativa independência que não deixara de existir.»

Vasco Pulido Valente (Público, 5 de Fevereiro de 2012)

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