Paço Episcopal da Fortaleza de Cochim, onde são ministradas as aulas de português. (Foto: The Hindu)
Uma vez no passado, a Fortaleza de Cochim foi um “pequeno Portugal”. Vestígios
de sua vida e cultura são ainda evidentes na arquitetura, nos nomes de
famílias, nas receitas dos pratos e até no dialeto local.
O padre Marian Arackal, diretor do IPVG, explica detalhadamente a
importância de se manter esse curso. “Cochim tem uma relação histórica com
Portugal. Esta diocese foi fundada sob o sistema do padroado. No século XV,
Roma não era uma potência mundial, mas Espanha e Portugal eram. Eles dominaram
os mares, e o Papa concedeu poderes especiais aos reis dos dois países para
evangelizar e propagar a fé. A primeira diocese portuguesa foi estabelecida em
Goa, seguida por Cochim em 1557. Desde então até 1950, a Diocese de Cochim teve
bispos portugueses. Temos um rico acervo de documentos que data desde aquelas
épocas. As aulas foram iniciadas pelo segundo bispo indiano de Cochim, Joseph
Kurithara, para a preservação de um legado do qual temos orgulho de fazer
parte.”
Adrian Hubert D’Cruz, de 72 anos, também tem orgulho imenso de sua
ascendência portuguesa. Comandante naval aposentado, ele é um dos estudantes de
mais idade na classe. “Na geração anterior da minha família, falavam um pouco
de português, mas infelizmente na minha geração nenhum de nós fala a Língua”,
lamenta.Ele se recorda de seus pais falarem em português quando desejavam falar
algo “em confidência”. Ele se lembra de algumas canções e orações. O mesmo faz
Francis Xavier Gomes, de 86 anos, que não é estudante da classe, mas tem
ancestralidade portuguesa. Ele se lembra de que seus pais “repetiam o português
de memória”, mas lamenta o facto de que usavam a Língua apenas como um “código
secreto entre eles”.Adrian recorda-se de que uma linguista norte-americana, Isabella, veio
alguns anos atrás e entrevistou seu tio, Louis D’Cruz. Ela registou a conversa
entre eles, mas no ano seguinte, depois de mais pesquisas, ela retornou com um
veredicto de que essa forma de português – o português de Cochim – estava
extinta na Fortaleza de Cochim. “Ela não evoluiu de todo, e as palavras usadas
eram obsoletas. Surpreendentemente, a mesma forma de português é usada em
Malaca [na Malásia], que foi também uma colónia portuguesa”, diz Adrian.Adrian acha a gramática “trabalhosa”. Ao atravessar o canal, no Forte de
Vaipim residem muitas famílias que traçam sua ancestralidade a Portugal. “De
facto, há uma festa religiosa de 400 anos, na Igreja de Nossa Senhora da
Esperança, em que as orações são recitadas em português”, diz Adrian.
Distante da nostalgia e da história está Anthony Nilton, de 18 anos, que
acabou de completar a sua aula número 12. Ele está “curioso” sobre uma língua
que ele espera que vai fazer brilhar as perspectivas de sua carreira. O seu
resumo simples sobre esse aprendizado recente é que “não é fácil nem é
difícil”.
Para John Thomas, ex-tripulante naval, o curso vai ajudá-lo em seu trabalho
em linha na Internet para uma empresa brasileira. Ele também se interessa por
turismo, onde a Língua será de ajuda imensa.
Dhanya George percorre todo o caminho vinda da cidade de Pala para
comparecer às aulas. Ela soube do curso pela Internet e está “extremamente
surpresa e animada” por tal curso estar disponível. Dhanya estava a aguardar
por este curso da Língua, pois ela está a caminho do Brasil para trabalho. O
padre Marian diz que o curso também encontrou frequentadores entre os turistas,
que permanecem aqui para uma estada longa.
Os três meses do curso da fundação no Paço Episcopal compreendem noções
básicas de aprendizado da gramática e habilidades de conversação.
Os estudantes aparecem
com informações interessantes sobre a Língua, as origens e as raízes. “Há
muitas palavras que são comuns entre o português e o malaiala, como alamari (armário), veranda(varanda), kasera (cadeira), janala (janela)
etc.”, diz o padre Marian.
“Os estudantes são sinceros”, diz a irmã Carmo, que veio da Ilha da
Madeira, em Portugal. Ela constatou que os indianos aprendem rapidamente a
pronúncia, embora seja difícil. “Ensinar uma língua sempre é um desafio”, acrescenta
e, bem para o deleite do grupo, traduz o nome de uma estudante, a irmã Anju,
para o português: “Significa ‘anjo’”.
(Tradução de Ronaldo
Santos Soares.)
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PRIYADERSHINI S. Olá, Portuguese!
Do jornal The Hindu (diário indiano de língua inglesa)
– seção Life & Style, subseção Metroplus.
Chenai, Índia.
Publicado em: 13 jun. 2012
PRIYADERSHINI S. Olá, Portuguese!
Do jornal The Hindu (diário indiano de língua inglesa)
– seção Life & Style, subseção Metroplus.
Chenai, Índia.
Publicado em: 13 jun. 2012
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