Agora que a Indonésia pretende fazer parte da CPLP,
será aconselhável que a conheçamos melhor, e principalmente a ilha das Flores
que foi portuguesa até 1856, durante cerca de 350 anos, para que não se crie
uma polémica idêntica à da Guiné Equatorial.
“No
maior país muçulmano do mundo existe uma ilha católica onde ainda se reza em
português“.
Flores é uma
ilha da Insulíndia, situada a leste da ilha Java, na Indonésia, tendo Timor a
sudeste.
Foi possessão portuguesa durante
os séculos XVI a XIX (cerca de 350 anos) tendo sido cedida aos
holandeses em 1856, juntamente com as
restantes ilhas de Sonda.
Em
Flores falam-se diversas línguas, sendo reconhecidas, pelo menos, seis línguas
diferentes
O que resta do antigo Forte português
Os comerciantes e missionários Portugueses estabeleceram-se nesta ilha no século XVI, principalmente em Larantuka e Sikka. A sua influência ainda hoje é identificável no falar e na cultura dessas regiões.
A população de Flores é
católica na sua quase totalidade, consequência de em Larantuca ter sido fundada
uma das primeiras missões abertas pelos dominicanos portugueses, em finais do século XVI.
Todos os anos é celebrada a
Semana Santa, que mantém a terminologia portuguesa e
muitos dos costumes específicos da celebração desta cerimónia em Portugal.
Grande parte da população católica sabe ainda hoje rezar em português antigo,
apesar de o falar correcto da língua portuguesa já se ter perdido na região.
Muitas destas tradições são mantidas pela Confraria de Nossa Senhora do Rosário
que ao longo de quatro séculos presiste, continuando a chamar-se Confreria
Reinha Rosari.
Na
Indonésia 89% dos cerca de 250 milhões de habitantes são muçulmanos. A ilha das
Flores entre os cerca de um milhão de habitantes, 85% são católicos.
Palavras portuguesas na língua indonésia
Só umas poucas palavras entraram na língua indonésia.
Por exemplo:
bangku ‘banco’
bibliotek ‘biblioteca’
gereja ‘igreja’
jendela ‘janela’
kapela ‘capela’
katedral ‘catedral’
meja ‘mesa’
minggu ‘domingo’
paroki ‘paróquia’
pasear ‘passear’
Expressões portuguesas usadas na região de Larantuka e Maumere
Dias da semana
(usados até hoje):
Segunda-fera,
tersa-fera, kwarta-fera, kinta-fera, sesta-fera, sábadu, domingo.
Nomes próprios:
Da
Silfa, Da Gomes, Joanes Ribéra, Pârera, Da Cuña, Da Lopez, Carvalo, De Rosari,
De Ornai, Rita.
Relação familiar:
Tio/tia,
cuñadu/cuñada, pa (pai), ma (mãe), nina (menina), siñu Da Gomes (senhorzinho
Gomes, no sentido de pequeno ou de carinho), nina Da Gomes (senhorita Gomes, no
mesmo sentido).
Catolicismo:
Prosesi
(procissão), Reña Rosari (santa padroeira de Larantuka), Tuang Mâ (Nossa
Senhora), Tuang Deo (Deus), San Domingu, San Juan, konféria (confraria), gereja
(igreja), katedral, kapela, paroki, cruz, promesa, kristang (cristão), missa,
paji (padre), tuang paji (teu padre, senhor padre).
Termos do dia-a-dia:
pasear,
jandela, meja, bangku, kadéra, garfu, sâpátu, almari (armário), sem (sem),
nyora (senhora), statua (estátua), berok (barco), minyoka (minhoca), redaku,
sândál (sandália), ose (você), senyor (senhor: para pessoas que têm autoridade
ou para os mais velhos), espada, kamija (camisa), mamonti (prato cheio, como um
“monte”), tésta.
Na
região de Larantuka, o grupo da Konféria sempre usa a língua portuguesa nas
orações e no seu boletim.