WU, Nina. Endangered collection.
Extraído do jornal Honolu, Havaí, .Publicado em: 06 out. 2013.
No Havaí, Estado norte-americano situado em meio ao Oceano Pacífico, há uma comunidade lusófona e lusodescendente de cerca de 60 mil habitantes – 4,3% da população, de acordo com o Censo dos Estados Unidos da América.
No século XIX, quando havia o então Reino do Havaí, já estava instalada uma ativa comunidade portuguesa. Vindos dos Açores e da Madeira, eles levaram ao meio do Pacífico as malassadas, o pão doce parecido com as filhós, e o ukulele, instrumento musical de cordas semelhante ao cavaquinho. Duas manifestações culturais portuguesas vistas pelo mundo como genuinamente havaianas.
A arquivista de bibliotecas dos Arquivos Ferreira-Mendes, Sónia Pacheco, diz que a meta da organização é digitalizar todos os jornais e revistas de Língua Portuguesa publicados nos Estados Unidos e torná-los disponíveis em linha na Internet.É preferível escanear os originais em vez de microfilmá-los, disse; e para isso a descoberta dos jornais no Havaí foi estimulante.
1912
1917
Sónia Pacheco planeia ir ao Estado do Havaí no final do ano, quando os jornais já estiverem disponíveis em linha, para dar uma apresentação sobre como pesquisar nos arquivos. Enquanto o banco de dados será em inglês, os termos de pesquisa devem ser em Língua Portuguesa.
Extraído do jornal Honolu, Havaí, .Publicado em: 06 out. 2013.
No Havaí, Estado norte-americano situado em meio ao Oceano Pacífico, há uma comunidade lusófona e lusodescendente de cerca de 60 mil habitantes – 4,3% da população, de acordo com o Censo dos Estados Unidos da América.
No século XIX, quando havia o então Reino do Havaí, já estava instalada uma ativa comunidade portuguesa. Vindos dos Açores e da Madeira, eles levaram ao meio do Pacífico as malassadas, o pão doce parecido com as filhós, e o ukulele, instrumento musical de cordas semelhante ao cavaquinho. Duas manifestações culturais portuguesas vistas pelo mundo como genuinamente havaianas.
Essa comunidade
portuguesa atravessou metade do planeta e chegou ali a publicar vários jornais
com notícias em Língua Portuguesa.
No Havaí, há uma comunidade
lusodescendente de cerca de 60 mil habitantes — 4,3% da população do Estado
norte-americano, segundo o Censo dos EUA.
Por cinco centavos de dólar uma cópia, os
leitores do jornal de Língua Portuguesa O Luso em novembro de
1915 poderiam encontrar histórias de primeira página sobre a Primeira Guerra
Mundial e a Revolução Mexicana sob as manchetes “Notícias da Guerra” e
“Notícias do México”.
O semanário de quatro páginas teve a maior
circulação dentre os jornais de Língua Portuguesa publicados no Havaí entre
1885 e 1927 e foi o de duração mais longa.
As únicas cópias originais conhecidas de O Luso e de outros oito jornais de Língua Portuguesa da época são parte de uma coleção da Sociedade Histórica do Havaí, alojada nos Arquivos e Sítios Históricos dos Lares Missionários do Havaí.
“É uma coleção rara, ameaçada de extinção”, disse Barbara Dunn, diretora administrativa e bibliotecária da Sociedade. “A informação é valiosa. É uma voz do final do século XIX que está à espera de ser descoberta.”
As únicas cópias originais conhecidas de O Luso e de outros oito jornais de Língua Portuguesa da época são parte de uma coleção da Sociedade Histórica do Havaí, alojada nos Arquivos e Sítios Históricos dos Lares Missionários do Havaí.
“É uma coleção rara, ameaçada de extinção”, disse Barbara Dunn, diretora administrativa e bibliotecária da Sociedade. “A informação é valiosa. É uma voz do final do século XIX que está à espera de ser descoberta.”
Como parte da iniciativa de digitalização mais recente desta Sociedade, os
jornais serão incluídos no acervo dos Arquivos Luso-Americanos Ferreira-Mendes,
da Universidade de Massachusetts em Dartmouth, que já oferece acesso público em
linha na Internet de jornais dos Estados de Massachusetts e da Califórnia.O órgão dos arquivos em Dartmouth entrou em contacto com a Sociedade em
junho de 2010 para iniciar o projeto, que ajudou a custear após descobrir a
existência dos jornais do Havaí através de registos da Biblioteca do Congresso
dos Estados Unidos [em Washington].
No final da primavera no Havaí [entre maio e junho de 2013], a
Sociedade embarcou três volumes empacotados sob medida dos jornais — segurados
e avaliados em cerca de 15 mil dólares — para a ArcaSearch, uma empresa do
Estado de Minnesota especializada na digitalização de documentos antigos.A ArcaSearch recentemente embarcou de volta os jornais, e as suas páginas
delicadas e amareladas foram embrulhadas em um papel à prova de ácidos e
retornadas às prateleiras de conservação da Sociedade.De um ponto de vista histórico, Barbara Dunn disse que os jornais refletem
o pensamento da comunidade portuguesa do Havaí de finais do século XIX e início
do século XX e o que lhe era importante na época.
O primeiro português registado que veio para as ilhas, de acordo com
algumas anotações históricas, foi John Elliot de Castro, que navegou para o
Havaí em 1814 e eventualmente tornou-se um médico pessoal do rei Kamehameha I [que
unificou o arquipélago e fundou o Reino do Havaí em 1810; o reino durou até
1893, quando foi anexado aos Estados Unidos].
Várias ondas de famílias portuguesas imigraram para o Havaí principalmente
entre 1878 e 1913 (baseado nos registos náuticos) vindos dos arquipélagos da Madeira
e dos Açores para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar.Eles também eram comerciantes, agricultores, paniolos [vaqueiros do
Havaí] e líderes respeitados na comunidade.“É interessante saber quem eram os editores e as casas publicadoras”, disse
Barbara Dunn.G. F. Affonso, do semanário da cidade de Hilo chamado A Seta,
também trabalhou para o jornal The Honolulu Advertiser, e J. M. de
Freitas, da Aurora Hawaiiana, era um membro do conselho eleitoral
local.Além de anúncios, desenhados à mão, de empresas tanto de portugueses quanto
de norte-americanos — de vinhos por A. Fernandes e de mobiliário pela C.
E. Williams & Son —, os jornais ofereciam notícias locais,
nacionais e internacionais, juntamente com anúncios de nascimentos, mortes e
casamentos.Incluíam ainda cartas dos leitores, anúncios especiais e, por vezes,
seleções da literatura portuguesa.
–– “Nove jornais para uma
comunidade pequena e iletrada” ––A arquivista de bibliotecas dos Arquivos Ferreira-Mendes, Sónia Pacheco, diz que a meta da organização é digitalizar todos os jornais e revistas de Língua Portuguesa publicados nos Estados Unidos e torná-los disponíveis em linha na Internet.É preferível escanear os originais em vez de microfilmá-los, disse; e para isso a descoberta dos jornais no Havaí foi estimulante.
1887
1912
1917
1933
Sónia Pacheco planeia ir ao Estado do Havaí no final do ano, quando os jornais já estiverem disponíveis em linha, para dar uma apresentação sobre como pesquisar nos arquivos. Enquanto o banco de dados será em inglês, os termos de pesquisa devem ser em Língua Portuguesa.
“Muitas pessoas estão familiarizadas com a história, mas não entendem o que
está escrito nos exemplares, e o surpreendente é que lá foram nove títulos de
jornais para uma comunidade pequena e, em sua maioria, iletrada”, disse. “Para
os genealogistas, esta é uma oportunidade enorme. Para os historiadores
sociais, isto abre um novo mundo.”
Como parte da primeira fase da digitalização, a Sociedade no ano passado
trabalhou juntamente com a Biblioteca Hamilton, da Universidade do Havaí em
Manoa, para postar os microfilmes dos jornais ao repositório digital eVols [da
universidade havaiana], graças a uma contribuição do Fundo George Mason [de
financiamento de projetos académicos do Estado do Havaí].
Doris Naumu é presidente da Sociedade Histórica Genealógica Portuguesa do
Havaí.
O acesso aos
jornais será de grande valor, de acordo com Doris Naumu, presidente da
Sociedade Histórica Genealógica Portuguesa do Havaí, uma organização sem fins
lucrativos gerida por voluntários e que ajuda as pessoas na pesquisa das
árvores familiares.“Acho que toda a genealogia agora está melhor com a tecnologia moderna”,
disse Doris Naumu.“Agora que estão a ensinar as pessoas como reconhecer traços de seus
antepassados, é bom conhecer as histórias, bem como os nomes, porque eles
ganham vida para você. É bom aprender tudo isto.”Doris Naumu descobriu, através de listas telefónicas velhas, que o ramo
português de sua família gerenciou lojas de joalharia.
As metas da Sociedade Histórica do Havaí são preservar e tornar os jornais
históricos mais acessíveis ao público. Com a digitalização dos jornais, o
público não precisará manusear as páginas quebradiças, o que lhes causa maior
deterioração. E colocando-as em linha na Internet, elas estarão disponíveis
para mais pessoas ao redor do mundo.“Assim como a Sociedade Histórica do Havaí, queremos de facto tornar todos
estes materiais disponíveis, com acesso livre e aberto”, disse Barbara Dunn.Para a Sociedade, o projeto é apenas o primeiro passo em direção aos
esforços de digitalizar todo o seu acervo, que inclui 64 jornais publicados em
inglês, havaiano e português. :::
(Tradução de Ronaldo
Santos Soares.)
Fernando Silva Caro Norton, muito Interessante. Mesmo muito importante. Será que atualmente existe algum jornal em circulação? E a comunidade portuguesa estará agrupada em alguma ou algumas associações de portugueses e/ou descendentes?
ResponderEliminarGanganeli Pereira Uma pergunta pertinente caro Fernando Silva
ResponderEliminarOntem às 12:11 · Gosto
Arnaldo Norton Na ilha de Hilo, existe o Clube Cultural Português; na ilha de Maui, o Clube Português de Cultura; na ilha de Oahu, a Sociedade Genealógica Portuguesa do Havaí, o Conselho da Juventude, a Sociedade do Espírito Santo, a Associação Nova esperança e o Conselho Havaiano da Herança Portuguesa. Presumo que haja mais associações mas eu desconheço.
ResponderEliminarA maioria dos descendentes dos emigrantes açorianos que foram para o Havai são já de terceira e quarta gerações, mas quase todos têm referências claras sobre o local de origem e o nome de família das gerações anteriores.
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