COMENTÁRIO DE CASIMIRO CEIVÃES AO TEXTO DE ARNALDO NORTON «O 5º Império e a CPLP»
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(O Casimiro não optou por esta forma de destaque, mas fi-lo eu – e de novo aconselho a mesma aos colaboradores deste Blogue para os comentários de substância.)
Casimiro Ceivães disse...
Caro Arnaldo Norton, tanta coisa...
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(O Casimiro não optou por esta forma de destaque, mas fi-lo eu – e de novo aconselho a mesma aos colaboradores deste Blogue para os comentários de substância.)
Casimiro Ceivães disse...
Caro Arnaldo Norton, tanta coisa...
Tentando ser sucinto:
– A "Globalização" não tem nada, mas mesmo nada, que ver com o V Império, quer na forma própria deste (a formulada por Vieira) quer nas suas formas menores sugeridas ou sonhadas por Pessoa e Agostinho. Como não tem nada que ver com a política, digamos assim, "portuguesa" que Portugal apesar de tudo foi de vez em quando seguindo até 1968. Direi até que, mais do que não ter nada – tem o facto de ser a globalização o obstáculo maior, ou o adversário maior, senão do Império, pelo menos da política portuguesa (deveria agora dizer "lusófona"? mas chamemos os bois pelos nomes) como ela ainda poderia ser entendida e cumprida.
– Não me refiro à "alterglobalização de Porto Alegre" (essa requereria uma outra conversa) mas à globalização que temos e que é (veja-se um notável texto de Paulo Feitais aqui, julgo que de ontem) a dissolução de tudo nesse nada que é o dinheiro, nesse nada que é a correcção forçada da alma à brutalidade dos sistemas cegos. Uma globalização que, para continuar a pôr nomes nas coisas que um nome tenham, tem o rosto visível da língua inglesa e o corpo disforme dessa coisa que hoje comanda os Estados Unidos da América (muito para além do seu patético presidente) e que durante décadas comandou também a partir dessa inacreditável marioneta chamada União Soviética.
– Em qualquer caso, estou plenamente consigo em que "Império" é uma palavra a usar com cuidado, não se confundindo nunca com "imperialismo". Pelo contrário, onde existir este o Império estará ausente.
– A CPLP, de momento, é um nada que não aspira sequer a ser coisa alguma por falta evidente de direcção política (ou metapolítica).
– A "força" da comunidade Lusófona tem contra ela o facto de Angola, a sua segunda maior região, ser neste momento simplesmente terra ocupada "manu militari", e tem contra ela o facto de o Brasil ser ainda uma espécie de Nau Catrineta planetária (que os meus amigos brasileiros me perdoem a comparação). É, em número de habitantes, significativa; mas a quantidade não se transmuta em qualidade (pelo contrário...), nem mesmo quando nos convém. Não é pela quantidade que o Império se fará, ou o Império será, inevitavelmente, pura e duramente chinês.
– Apesar de Pessoa ter tido uma muito peculiar ideia de Império (sendo paradoxal e perigosa a tentação do seu emparelhamento a Vieira), não creio que se possa dizer que se distinguisse pela "cultura, paz e bom entendimento entre povos". Não é que isso seja um mau objectivo: é, apenas, um enunciado insuficiente.
– Não estando este ponto contido na sua pergunta, creio que vale a pena referi-lo: entre a CPLP que temos (imagem do anti-poder que nos governa) e o V Império que se não fará pela razão (ainda que o Renato Epifânio tenha hoje dito aqui que pouco mais há que nos guie...), há um imenso espaço aberto que é, se quiser, aquele que pode ser o do voo da águia: começando onde termina a baixa política e subindo – mas não penetrando – até às regiões que pertencem ao domínio do Sagrado, do Destino, ou dos Deuses, somos capazes de nos reencontrar, se nos procurarmos, ou melhor se nos procurarmos não a nós, mas àquilo que nos permite, colectivamente, ser.
Cumprimentos (e bem vindo a este lugar...)
Casimiro
Publicada por Klatuu o embuçado em 11:39:00 6 comentários
Etiquetas: Comentários, CPLP, lusofonia, Polémica, V Império
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