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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A China e a CPLP - O Reverso da Medalha

A República Popular da China iniciou uma campanha de investimentos em África procurando obter novos recursos minerais e agrícolas, sob a camuflagem do “Standard Bank”, de cujo capital social 20% pertencem ao banco estatal chinês “Industrial & Commercial Bank of China”.
Os chineses têm na mira o petróleo e o gás da Nigéria, o alumínio,o ferro e o manganês do Gana
uma basta gama de metais estratégicos da República Democrática do Congo e carvão, peixe e produtos agricolas de Moçambique. Logicamente que irão tentar utilizar a CPLP como alavanca, o que pode não ser mau desde que os políticos saibam tirar daí partido e defender os interesses dos seus países, para o que devem começar a olhar já para o que se passa à sua volta. De várias partes do Mundo, surgem sinais de manifesta preocupação quanto aos verdadeiros desígnios dos investimentos económicos que a República Popular da China tem vindo a efectuar nos últimos anos. No que se refere a África, convém não esquecer que o que mais interessa às empresas estatais chinesas é o petróleo, os minerais e , o que torna tudo mais preocupante, a aquisição de terras férteis. O Ministério da Agricultura chinês anunciou o apoio oficial da China à aquisição de terras em África e América Latina, terras essas que passarão a ser exploradas por trabalhadores chineses a fim de fornecer alimentos a um país que se encontra à beira de não poder produzir comida para consumo próprio.
Convém que os africanos analisem o que se tem passado na Austrália, país normalmente favorável ao investimento estrangeiro, onde a entrada de capitais chineses começou a provocar uma onda de desconfiança quando, depois de terem adquirido 9% de uma mina de minério de ferro, os chineses tentam obter o controle de outras minas, de vias-férreas de exportação e dos portos da Austrália Ocidental. Os australianos têm boas razões para se sentirem receosos, na eventualidade das instituições estatais chinesas passarem a ter o controlo da gestão dessas empresas. Caso isso venha a ocorrer, não tardará que as exportações para a China passem a ser efectuadas a preços prejudiciais para a Austrália.
Mas a situação em África também começa a ser preocupante !!... Já em 2007 o Presidente Thabo Mbeki da África do Sul lançou um aviso a todo o continente africano para que não se envolvesse em novas relações de timbre colonial com a China. Foram poucos os que escutaram as palavras de Mbeki !!.. Agora, começam a aparecer as consequências. Os zambianos e os congoleses manifestaram preocupação relativamente a investimentos chineses em minas existentes de cobre e cobalto, algumas das quais encontram-se vedadas ao público e que funcionam sob a alçada de gestores e força laboral provenientes da China, em detrimento da mão-de-obra local.Em 2007, a China e a República Democrática do Congo assinaram um acordo no montante de 8 mil milhões de dólares, destinado à construção de infra-estruturas diversas a troco de matérias-primas. Questiona-se, entretanto, o preço a que serão exportados os minerais congoleses no âmbito do referido acordo.No Sudão, país que recebe ajuda militar da China, não obstante as atrocidades cometidas na região de Darfur, o governo chinês despendeu biliões de dólares em furos de petróleo e em oleodutos para explorar as vastas reservas que se encontram no subsolo daquela região sudanesa.
Mas Angola já tem exemplos nefastos da cooperação com os chineses. Há poucos anos atrás, a China deslumbrou os angolanos ao oferecer-lhes o edifício dum hospital. O hospital chegou em painéis, foi montado em pouco tempo por pessoal vindo da China e, passado pouco tempo, começou a dar problemas quanto à qualidade da construção. Não só o que foi oferecido era de má qualidade como não utilizou nenhuma mão-de-obra local.
Cooperação deste tipo dispensa-se muito bem !...
Resta-nos, agora, desejar que os políticos comam pouco kalulu e durmam menos vezes a sesta. As novas gerações da CPLP agradecem !!!....

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