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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

- " A Descoberta da Austrália "


A recente venda a uma galeria de Nova Iorque de um manuscrito do século XVI, que se encontrava em poder de um comerciante de livros raros português, levantou, novamente, a questão da nacionalidade dos descobridores da Austrália.

O documento, cuja data se avalia entre 1580 e 1620, assinado por Catarina de Carvalho, que se julga ter sido uma freira das Caldas da Raínha, contém texto e pautas de música litúrgica, ilustrados com a figura de um canguru.
Uma investigadora da galeria nova-iorquina fez a significativa e obvia declaração de que “ um canguru num manuscrito desta época é uma prova de que o autor do documento ou esteve na Austrália ou, ainda mais interessante, que os diários dos exploradores e desenhos de animais interessantes encontrados neste mundo novo estavam já disponíveis em Portugal ".

A atribuição aos portugueses da descoberta da Austrália é quase unânime entre os  especialistas após se ter encontrado um documento pertencente à coleção
Documentos sobre os Portugueses em Moçambique e na África Central, digitalizada por um projeto financiado pela União Europeia.
Esse documento noticia a partida de Cochim, Índia, em maio de 1521, de uma esquadra comandada pelo fidalgo português D. Cristovão de Mendonça, a quem D. Manuel I tinha dado a missão de encontrar uma lendária “Ilha do Ouro” que se acreditava estar
“ para lá da Ilha de Sumatra “.
A esquadra, navegou durante dois anos pelo Oceano Índico e numa primeira rota passou ao longo da costa oeste da Austrália.
Numa segunda rota, a partir de Malaca, explorou parte da costa norte e leste australiana tendo chegado ao Oceano Pacífico, inclusive descobrindo diversas ilhas da Melanésia e da Polinésia – e, provavelmente também, o que seria a Nova Zelândia –, antes de retornar à Índia Portuguesa em 1523.
Nesta segunda viagem a esquadra tinha como cartógrafo o capitão francês Pedro Eanes o que explica a mistura ortográfica da Língua Portuguesa com o francês nos nomes dos locais, na costa leste da Austrália, que aparecem no Atlas Vallard, inclusive com oito nomes de localizações em francês.

O Atlas Vallard, que tem mais de 100 nomes de locais em português,  tem sido estudado por diversos especialistas, mais recentemente pelo professor de história da Universidade Nacional da Austrália, John Molony, que estudou detalhadamente os nomes de 54 locais citados no Atlas Vallard  e constatou que esses nomes – todos de santos da Igreja Católica – estão ligados à Igreja da então Índia Portuguesa.

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