A palavra que mais falta faz na língua inglesa ! ...
O sítio da internet CRACKED publicou uma lista das 10 palavras que mais falta fazem na língua inglesa e em primeiro lugar estava a palavra portuguesa “desenrascanço”.
Publico a seguir a tradução do trecho do artigo que a ela se refere.
“ Ser um Mac Gyver !
Esta é a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem
planeamento e sem recursos. É o cabide que Você usa para pescar as chaves do
carro caídas na sanita, etc.O mais interessante sobre o desenrascanço é o que diz sobre a cultura
portuguesa. Enquanto nós fomos criados no lema dos escuteiros “estar preparado”,
o conceito dos portugueses é exatamente o oposto. Ideias e improvisos de última hora
são habilidades muito valorizadas ao ponto de serem ensinadas nas universidades
e nas forças armadas. Eles acreditam que esta capacidade de encontrar soluções
casuais tem sido fundamental para a sua sobrevivência ao longo dos séculos."Fuck preparation ! ... They have desenrascanço !"Não se riam ! ... Graças a isso eles
conseguiram construir e gerir um império que se estendeu do Brasil às
Filipinas."
De "Inteligência Económica" respiguei o seguinte comentário:
"Os
americanos descobriram que os portugueses têm o que eles queriam ter mas nunca
terão ... E os alemães ainda menos terão: DESENRASCANÇO.
“ Fuck
preparation... They have desenrascanço !”, dizem eles e acrescentam “Não se
riam. Desse modo eles conseguiram criar um império do Brasil às Filipinas”.O
desenrascanço não tem, porém, nada a ver com a falta de preparação, como o
texto do sítio americano sugere. O desenrascanço tem a ver com séculos, mesmo
milénios, de ousar bater-se em guerras e outras situações para as quais os
recursos eram, sistematicamente escassos e não eram, frequentemente, os mais
adequados. E até, em certas épocas e ocasiões faltou um recurso imprescindível:
uma liderança capaz e à altura. Pelo que, para não perder, sempre foi preciso
“inventar”.Este
posicionamento vulgarizou, entre os portugueses, a relação entre o fraco e o
forte. Relação que se tornou uma constante na matriz portuguesa de de estratégia. Sem recursos suficientes para
as exigências das situações em que se batiam e, frequentemente, sem os recursos
mais adequados, os portugueses tornaram o seu espírito e inteligência o recurso
“gazua” para “ajeitar à tarefa aquilo de que dispõem: com o que têm “inventam”
e fazem ...Num exemplo banal e clássico, em caso de curto circuíto, nenhum
português esperará (como alemães e outros) pelo eleticista e, se um araminho
não resolver a coisa, saca da “prata” do maço de cigarros e ... “fiat lux”. Assisti a uma estória destas com um português, radicado em Bruxelas, na sede
europeia de uma multinacional americana, onde ele se encontrava por acaso.A tecnologia
(a exploração do avanço tecnológico) mas também a finta e a manha são outras
componentes da forma portuguesa da superação da escassez de recursos. E que
aprenderam, ao longo de milénios, a ser capazes de combinar no último momento,
desenrascando a situação. Nos últimos dois milénios, nas guerras travadas no
seu extremo ocidental da Europa ou nas que travaram por todo o globo, os
efetivos portugueses sempre foram inferiores aos que defrontavam. Pode ter
havido exceções mas essa era a norma. Em suma, ao contrário do que dizem os
autores do texto, o desenrascanço exige muito conhecimento e muito treino.
Muita “preparation”, portanto.Veja-se
Aljubarrota, esse momento por excelência do ser português. O campo de batalha a
que os portugueses atraíram o invasor (com efetivos várias vezes vezes
superiores e uma forte e numerosa cavalaria castelhano-francesa) foi
“preparado” nas horas que antecederam a batalha. Mas a “preparação” do
confronto apresenta as três caracteristicas acima referidas: a finta, a manha e
a explotação do avanço tecnològico.O invasor é
fintado quando é convencido de que a manobra portuguesa é algo completamente
diferente daquilo que realmente era. A manha concretiza-se nas “covas de lobo”,
semeadas no campo escolhido para a batalha, que neutralizaram o impacto da cavalaria sobre a pequena hoste portuguesa. A exploração do avanço
científico manifestou-se na arma escolhida para ter a função principal: o arco
grande, uma arma com capacidade para dizimar a cavalaria (como dizimou) e que,
por isso mesmo, era absolutamente interdita de uso pela Igreja de Roma.A batalha
que o invasor tinha imaginado não se deu. Pelo contrário, o que aconteceu foi
uma das primeiríssimas batalhas em que a infantaria (apesar de em número
inferior) dizimou a tradicional cavalaria e, por isso, e deste ponto de vista,
Aljubarrota é também um toque de finados pelo feudalismo na Europa.
Improvisação e desenrascanço, sim, houve; mas muito
bem “preparado”. Por isso é que aquele americano “fuck preparation” é um
disparate de quem não percebeu nada do que é a matriz portuguesa de estratégia
e não percebeu o que realmente é o “desenrascanço”.