O caro leitor era capaz de imaginar que o hino inglês foi criado graças à fístula anal de um rei francês ? ...
Há quem diga que assim foi, embora os historiadores ingleses procurem negar; mas como os historiadores ingleses não merecem crédito, acreditamos na versão apresentada pelo guia cultural do museu do Louvre e do palácio de Versailles que se segue.
Por Tom Pavesi ( publicado na revista Cultura & Arte ( Brasil )
Em1686, Louis XIV, 48 anos, o soberano mais poderoso da Europa,estava prestes a perder uma batalha de ordem privada, uma batalha contra uma doença incómoda:
O rei sofria os horrores de uma fístula anal.
Seu médico, Antoine D’ Aquin, tentou resolver o problema com
os meios disponíveis na medicina da época: remédios, pomadas, cataplasmas e
outras aplicações cutâneas reputadas
como
sendo
perigosas. Nada ! ...
O rei prostrado, anulou festas, cavalgadas e aparições em público e, da sua cama, ditava ordens e dirigia o país. O rumor era que o rei estava morrendo.
O rei prostrado, anulou festas, cavalgadas e aparições em público e, da sua cama, ditava ordens e dirigia o país. O rumor era que o rei estava morrendo.
Um dia, o cirurgião Charles-François Félix de Tassy, depois de
testar em pobres, mendigos e pacientes
abandonados em hospitais e hospícios um
método inovador de tratar essa doença, tomou a decisão de operá-lo. E assim foi feita uma incisão no canal do ânus real com
um bisturi de lâmina curva, inventado especialmente para esta
intervenção cirúrgica.
A operação, realizada sem anestesia, foi um sucesso. Louis XIV aguentou tudo, afrontou o mal com muita coragem e,
como nas batalhas, foi vitorioso de uma guerra dada por muitos como perdida. No mesmo dia, após um leve descanso, encontrou com ministros, tratou de assuntos cotidianos e diplomáticos e fez uma aparição
pública para ser aclamado pela corte.
O rei voltou mais
forte, divino, mais soberano do que nunca.
Após a cirurgia, Louis XIV fez uma visita à
Maison Royale de Saint-
Louis, escola recém-construída para as filhas de nobres mortos pela
França. A religiosa fundadora, Madame de Brinon, querendo
agradar o rei, escreveu um texto para
ser declamado pelas alunas:
Grand Dieu sauve le Roi. Mais tarde este poema foi colocado em música pelo
compositor oficial
de
Versalhes Giovanni Battista Lulli e se transformou em hino
real
francês até final da monarquia absoluta em 1792.
Grand Dieu, sauvez le Roi !
Vive le Roi !
Qu’à jamais glorieux
Louis victorieux
Voye ses ennemis
Toujours soumis
|
Vinte e oito anos mais tarde, o compositor alemão Georg Friedrich Händel, convidado em Versailles, conseguiu permissão para copiar o texto e a música.
Traduzido para o
inglês pelo músico e poeta Henry
Carey, Händel vende ao rei da Inglaterra, Georges I, a “nova”
composição, God Save the King.
|
God
save our
gracious King,
Long live our noble King,
God save the King !
Long live our noble King,
God save the King !
Send him
victorious,
Happy and glorious,
Long to reign over us,
God save the King !
Happy and glorious,
Long to reign over us,
God save the King !
E foi assim
que graças à colaboração de uma francesa, Madame de
BRION, de um
italiano, LULLY, de um inglês, CAREY, de um alemão, HAËNDEL, de um bisturi inventado por um médico francês e da fístula anal de Louis XIV nasceu o hino nacional actual da
Inglaterra:
God Save the King (Queen).