Países dos leitores

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sábado, 23 de julho de 2022

A POLÉMICA SOBRE A ESCRAVATURA - " A abolição "

A abolição da escravatura não aconteceu por motivos humanitários mas sim, por interesses criados pela industrialização da Inglaterra.
Aos promotores da Revolução Industrial, interessava criar mercados nos quais os seus produtos tivessem utilidade, o que não aconteceria naqueles onde o trabalho era feito por mão-de-obra escrava.
Assim, a solução era simples. Bastava apelar à consciência humanitária e criar uma lei que proibisse a escravatura ( na mistificação para obter os seus objetivos os inglese foram sempre mestres ).
Foi o que aconteceu e geraram o "Ato de Abolição da Escravatura" que declarava que a partir de 1 de Agosto de 1834 passariam a ser livres todos os escravos das colónias britânicas. 
Mas não era suficiente e começaram a exercer pressão sobre outros países que acabaram por aderir à abolição.
Portugal, em 1854 passou a proibir o comércio atlântico de escravos tornando mais ampla a lei de 1761 e os alvarás que a seguiram, que para alguns historiadores foi precursora das leis de abolição.
É claro que o tráfego de escravos não terminou aqui, continuando a fazer-se clandestinamente, e foi quando, em concorrência com  portugueses, ingleses e espanhóis, os holandeses e dinamarqueses se meteram no negócio.
Os ingleses começaram a patrulhar o Atlântico sob a capa dos princípios humanitários, mas cada "carregamento" que apreendiam era enviado para as colónias inglesas da América.
Como os ingleses policiavam o mar, alguns esclavagistas portugueses passaram a entregar as suas "cargas" aos ingleses no porto de Bristol, a partir do qual os ingleses os "descarregavam" no Brasil ou na América do Norte. 
Quem consultar os registo do porto de Bristol pode contabilizar quantos escravos foram transferidos para a posse dos ingleses de forma legal visto constarem dos registos. Além disso, pode verificar quantos barcos portugueses naufragaram ao tentar entrar nesse porto. As suas carcaças ainda lá estão.
É claro que o tema "escravidão" só pode ser discutido a determinado nível intelectual e incluir antiesclavagistas desse nível, visto necessitar de raciocínios lógicos. 
A retirada de monumentos ou estátuas não tem qualquer significado por que as figuras nelas representadas continuam na História. Podem retirar a estátua de Catarina de Bragança, ( que tanto contribuiu para civilizar a corte inglesa ). mas não podem anular o nome de "Queen Street" que por alguma razão foi nomeada em honra da portuguesa rainha de Inglaterra Catarina de Bragança. 
Logicamente, os europeus não estão inocentes neste macabro negócio, mas os africanos também não, e para uma discussão séria teria de se fazer o levantamento de quantos chefes africanos enriqueceram com o negócio da escravatura como, por exemplo, o rei do Daomé que enriqueceu vendendo escravos aos portugueses em tão maior quantidade do que eles queriam que foi necessário contruir o Forte de São João Baptista de Ajudá para os albergar.

Estas crónicas não têm a pretensão de justificar seja o que for. Pretende, unicamente, contribuir para que a ignorância procure compreender o contexto de cada época e de cada acontecimento. 


4 comentários:

  1. Há ainda um outro sentido oculto que passava longe dos interesses financeiros, na questão da miscigenação das raças, sendo necessária a presença do negro no Brasil, para o que pessoalmente creio: Luso-Tupy-Africano como o embrião da nova raça, que surgiria da mistura de todos os povos para cá vindos. Enfim! ,

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    1. Não vejo o porquê da necessidade de negros para a miscigenação. Chegariam os índios. Temos o exemplo, que ficou célebre, mas muitos outros houve, de Mameluco (Jerónimo de Albuquerque), fruto do casamento de seu pai, também Jerónimo, com a filha do cacique de Arco Verde, Pernambuco. Aliás, Arco Verde, é a tradução para português do nome desse cacique.
      Sobre a postura dos ingleses, há que referir que, a continuar a haver escravatura, o preço da mão-de-obra dos países concorrentes seria mais competitivo, o que, para eles, era inaceitável.
      Razões humanitárias? Não sejamos ingénuos.

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    2. Pretendo retirar a vírgula, por indevida, a seguir a Aliás, Arco Verde (aqui).
      As minhas desculpas, mas escrever sem ver as letras é complicado.

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  2. O Anónimo não o é, de facto. Por razões que desconhece, o nome não foi assumido pelo Sistema, conforme já informei o Administrador, meu velho amigo Arnaldo Norton. Sou Carlos Jorge Mota.

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